A nova cúpula da polícia do Paraguai assumiu nesta segunda-feira (19) o comando da Polícia Nacional, em cerimônia realizada em Assunção, após a destituição de dois altos funcionários por parte do presidente do país, Mario Abdo Benítez, depois que o narcotraficante brasileiro Marcelo Pinheiro “Piloto” assassinou uma jovem que o visitou na prisão.
Pinheiro, conhecido como “Piloto”, de 43 anos e um dos supostos chefes do grupo Comando Vermelho, foi expulso nesta madrugada ao Brasil por ordem de Benítez, que não quis esperar o término do processo de extradição.
Gregorio Walter assumiu como comandante interino, em substituição a Bartolomé Báez, e Eladio Sanabria como vice, em substituição a Luis Cantero, informou o Ministério do Interior.
Durante a cerimônia, o novo responsável da Polícia Nacional se comprometeu a investigar os atos de corrupção ou “irregulares” que puderam envolver agentes policiais no que se refere ao ocorrido na cela policial onde “Piloto” estava preso.
Os dois comandantes tomaram posse de seus respectivos cargos após as destituições no domingo de seus antecessores por determinação de Benítez.
O líder tomou a medida um dia depois de “Piloto” ter assassinado Lidia Meza, de 18 anos, que o visitava na prisão mediante a permissão das autoridades.
Segundo fontes oficiais, “Piloto” lhe agrediu e depois cravou um objeto agudo, uma faca de sobremesa usada pelos reclusos.
O ministro do Interior, Juan Ernesto Villamayor, declarou no sábado que “Piloto” cometeu esse crime para tentar se livrar do processo de extradição.
Benítez anunciou hoje a expulsão de “Piloto”, que foi levado do Agrupamento Especializado até um helicóptero que o transferiu ao aeroporto de Itapoá (sul), para depois ser entregue às autoridades brasileiras.
“Decidi expulsá-lo do país. O Paraguai não tem que ser terra de impunidade para ninguém. Eu assumo o risco. Não queria esperar mais pelo processo da Justiça”, declarou Benítez aos jornalistas.
No entanto, o trabalho dos chefes policiais também estava em interdição desde que na semana passada foi autorizado a “Piloto” dar uma entrevista coletiva no Agrupamento Especializado, onde disse aos jornalistas que tinha entregado somas de dinheiro a um policial como proteção.
No final de outubro, o Ministério do Interior disse ter desarticulado um plano para tentar libertar o narcotraficante, após uma operação policial que terminou com a morte de três supostos membros do Comando Vermelho e a explosão controlada de um veículo cheio de explosivos.
Acredita-se que com os bandidos usariam esse veículo para explodir a prisão em que “Piloto” está detido.
O narcotraficante está preso no Paraguai desde dezembro de 2017 após ter sido detido em uma operação internacional conjunta entre várias agências antinarcóticos.