O crime é tão antigo quanto as atividades humanas. E, normalmente, ele vai se adaptando conforme a evolução da sociedade; principalmente falando em crimes contra a propriedade (roubo, furto, fraude, etc.).
É claro que este tipo de delitos acontecidos hoje em dia são bem diferentes aos ocorridos no século passado, e a resposta é simples: o contexto e as modalidades das atividades econômicas são diferentes. É só pensar, por exemplo, no funcionamento dos bancos.
Antes, para poder fazer qualquer tipo de operação, era preciso se deslocar para a agência mais próxima e ser atendido por um funcionário; mas agora com os benefícios da internet, é possível fazer quase todas as operações ligadas à instituição como contratar empréstimos on-line, fazer pagamentos, cancelar serviços, etc.
Nessa linha, a pandemia também veio trazer transformações no atuar dos criminosos. Com todo mundo na casa e comércios presenciais fechados por muito tempo, a atividade virtual tem registrado crescimentos históricos.
Segundo o Movimento Compre e Confie (uma empresa de segurança digital que estuda o posicionamento dos consumidores), o e- commerce cresceu 56,8% em 2020 se comparado com 2019 e continua crescendo.
Este panorama foi claramente aproveitado pelos cibercriminosos que veem como se incrementa o volume das suas vítimas e desenvolvem novas “habilidades” para burlar os sistemas de segurança digital.
Este panorama foi claramente aproveitado pelos cibercriminosos que veem como se incrementa o volume das suas vítimas e desenvolvem novas “habilidades” para burlar os sistemas de segurança digital.
Uma pesquisa feita pela ProScore, authority de score especializado em Big Data, Analytics e motores de decisão, e bureau digital de crédito, mostrou que, só nos primeiros seis meses de 2021, foram registradas 58 mil tentativas de fraude para manipular os sistemas de análise de créditos utilizando documentação ou informação de pessoas que já morreram.
Para o total do ano passado, este formato de tentativa de fraude tinha registrado 102 casos. Como explicou a fundadora e CEO da companhia, “percebemos um significativo aumento desse tipo de ação, que vai desde a tentativa de compra até a habilitação de um celular”.
O incremento da criminalidade digital não é exclusivo do setor privado. Também foram identificadas atividades de fraude nas operações do governo federal, caso o pagamento indevido de benefícios, como o auxílio emergencial, disposto na pandemia da Covid-19.
Como publicou o Tribunal de Contas da União (TCU) no seu Balanço de Fiscalização do Auxílio Emergencial, detectaram-se mais de 60 mil beneficiários que tinham percebido pelo menos uma parcela do auxílio e, nessa época, já tinham morrido.
Tudo isso acontece porque, hoje em dia, para poder operar virtualmente, seja nos bancos ou nas lojas virtuais, as pessoas precisam de colocar informação confidencial e restrita. Esses são justamente os dados aos quais os criminosos procuram acessar com seus golpes para depois utilizá-los em benefício deles.
Muitas das críticas apoiam que o Brasil tem poucos controles e legislação fraca para lutar contra este tipo de delitos.
Tentando reverter a situação, este ano o Congresso Nacional sancionou a Lei 14.155 pela qual foram agravadas as penas dos chamados crimes cibernéticos (fraude, furto e estelionato praticados com o uso de dispositivos eletrônicos como celulares, computadores ou tablets).