O período da pandemia foi um divisor de águas para o comércio. Enquanto as lojas eletrônicas vivenciaram um amplo crescimento na procura por produtos e serviços, o comércio físico teve um ano de 2020 conturbado, com estabilizações e diminuições no número de vendas e no faturamento.
Em geral, o setor teve uma queda de 5,3% no ano passado. Com o avanço da vacinação no mundo todo, esse cenário está começando a mudar, espalhando otimismo entre os comerciantes e organizações especialistas no setor.
No dia 4 de outubro, a Organização Mundial do Comércio (OMC) divulgou suas projeções para este ano. Sempre houve consenso de que o comércio cresceria em 2021, mas os resultados foram melhores do que o esperado. Em março, a estimativa era de que o aumento nas vendas em relação ao ano passado fosse de 8%.
Na projeção atualizada, a OMC prevê que o crescimento será de 10,2%. Os números consideram o comércio de todo o mundo.
O segundo trimestre foi o que apresentou a melhora mais expressiva. No ano passado, o período foi marcado pelo início da pandemia, quando o medo tomou conta de todos.
Neste ano, quando o mesmo período marcou o início da consolidação do número de vacinados com a segunda dose ou dose única, assim como a flexibilização de regras para a abertura de lojas, a receita com vendas foi 22% maior do que a registrada em 2020.
No atual trimestre, as datas comemorativas devem impulsionar as vendas. No Rio Grande do Sul, a estimativa é que o dia das crianças apresente um crescimento de 10% em relação ao ano passado, movimentando 450 milhões de reais.
A projeção é da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS). Além dessa data, a black friday e o natal também se aproximam e tendem ajudar na manutenção do otimismo.
Outra boa notícia é que o crescimento do comércio físico não deverá implicar uma diminuição na receita do comércio eletrônico, cada vez mais usado por pequenos empreendedores.
Em artigo do portal MonederoSmart, especializado em e- commerce, os motivos ficam explícitos: “Muitos que nunca haviam experimentado as compras virtuais se acostumaram com a modalidade e não deixarão de usá-la com a volta por cima das compras presenciais. Neste cenário, há a expectativa de crescimento para o chamado comércio híbrido, que mistura as duas modalidades com o objetivo de trazer ainda mais facilidades para os compradores”.
Entretanto, a OMC também alertou que nem tudo é motivo para comemoração. Para a entidade, o principal desafio do momento no mundo é igualar as oportunidades de acesso à vacinação, que ainda está muito desigual entre as nações.
Caso houvesse a equidade e todos os países estivessem com a pandemia controlada graças às vacinas, as projeções seriam ainda maiores, cenário que é fundamental para a recuperação da grande crise vivida nos últimos dois anos.