DIREITOS HUMANOS

Cervejaria ligada ao Grupo Heineken aparece em “lista do trabalho escravo”, do MTE

A lista do trabalho escravo é publicada a cada semestre desde 2003 e, nesta edição, incluiu 204 novos empregadores, a maior inclusão já registrada na história

O MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) divulgou ontem (5) a chamada “Lista Suja do trabalho escravo”. Nela, consta um número recorde de empregadores que submeteram trabalhadores a condições semelhantes à escravidão.

Entre as empresas está a cervejaria Kaiser, ligada ao Grupo Heineken no Brasil.  O caso ocorreu em 2021, com uma das prestadoras de serviços da companhia, a Transportadora Sider.

Em nota, o Grupo Heineken afirmou que foram surpreendidos pelo caso. “Na ocasião, perplexos, nos mobilizamos para prestar todo apoio aos trabalhadores envolvidos e para garantir que todos os seus direitos fundamentais fossem reestabelecidos prontamente.

O Grupo disse também que foram tomadas as medidas necessárias junto à transportadora, que não faz mais parte do quadro de fornecedores do Grupo. Outra medida foi a criação de uma plataforma de controle de terceirização.

A Heineken, por fim, reconheceu a necessidade de avançar no trabalho de checagem do cumprimento das regras presentes no Código de Conduta da empresa.

A lista

A lista do trabalho escravo é publicada a cada semestre desde 2003 e, nesta edição, incluiu 204 novos empregadores, a maior inclusão já registrada na história, segundo o MTE.

Dos 204 novos empregadores incluídos na lista, a maioria é do setor da produção de carvão vegetal (23). Depois vêm criação bovina (22), serviços domésticos (19), cultivo de café (12) e extração e britamento de pedras (11).

Entre as unidades da federação, a maior quantidade de novos casos foi registrada em Minas Gerais (37). Na sequência vêm São Paulo (32), Pará (17), Bahia (14), Piauí (14) e Maranhão (13).

A Lista Suja mostra que os 473 empregadores submeteram, ao todo, 3.773 trabalhadores a condições análogas à escravidão. Já o total de pessoas resgatadas nessas condições pela Inspeção do Trabalho no Brasil, desde 1995, chega a mais de 61 mil pessoas, segundo o site do ministério.

A diferença é explicada porque, para entrar na lista, é preciso esgotar os recursos administrativos contra o auto de infração aplicado pelos fiscais que encontraram pessoas em condições semelhantes à escravidão.