Por unanimidade, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) manteve a Taxa Selic, os juros básicos da economia, em 13,75% ao ano. A decisão ocorre apesar da queda da inflação, um dos principais balizadores para definição da Selic, e das pressões de parte do governo federal.
Na compreensão do Banco Central, a Selic elevada ajuda a conter a alta nos preços. A decisão do Copom, no entanto, contraria a tendência de queda da inflação verificada nos últimos meses.
Em maio, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), índice que mede a inflação do País, fechou em 3,94% no acumulado de 12 meses, abaixo de 4% pela primeira vez em dois anos e meio. Nos últimos dois meses, a inflação vem caindo por causa dos alimentos e dos combustíveis.
Para 2023, o CMN (Conselho Monetário Nacional) fixou meta de inflação de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia superar 4,75% nem ficar abaixo de 1,75% neste ano.
Mesmo assim, não houve alterações por parte do Copom. A taxa Selic continua no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava em 13,75% ao ano. Essa foi a sétima vez seguida em que o BC não mexe na taxa, que permanece nesse nível desde agosto do ano passado. Anteriormente, o Copom tinha elevado a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis.
Ademais, a manutenção dos juros nesse patamar deve influenciar na política de crédito do governo. Isso porque juros maiores encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas mais altas dificultam a recuperação da economia.
No último Relatório de Inflação, o Banco Central projetava crescimento de 1,2% para a economia em 2023. Já a última edição do boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, prevê expansão de 2,14% da economia. O maior otimismo ocorre na esteira do resultado do PIB no primeiro trimestre, que apresentou crescimento de 1,9%.