ORIENTE MÉDIO

Após ataque em Gaza, Hezbollah promete retaliação contra Israel

Israel permanece negando autoria do ataque e a atribui à Jihad Islâmica

Crédito: NBC News / reprodução de vídeo

O grupo radical islâmico do Líbano Hezbollah afirmou que a quarta-feira (18) será “um dia de fúria sem precedentes” contra Israel. O anúncio foi feito após o ataque a um hospital de Gaza que deixou centenas de mortos.

Israel segue negando a autoria do ataque. O presidente de Israel, Isaac Herzog, definiu as acusações contra o país pelo bombardeio ao hospital como “difamação”. “Um míssil da Jihad Islâmica atingiu muitos palestinos num lugar onde vidas seriam salvas. Vergonha para a imprensa que engole as mentiras do Hamas e da Jihad Islâmica, transmitindo ao mundo uma difamação sanguinária do século 21”.

O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, ratificou no Twitter: “O mundo precisa saber. Quem atingiu o hospital em Gaza foram terroristas bárbaros, não o Exército de Israel”.

O porta-voz da Jihad Islâmica, por sua vez, negou qualquer responsabilidade do grupo no bombardeio do hospital em Gaza

Ataque a Hospital

Um bombardeio ao Al-Ahli Arabi Baptist Hospital, na cidade de Gaza, deixou ao menos 500 mortos, segundo um porta-voz do Ministério da Saúde da região. Inicialmente, porém, o órgão informou 200 mortes. Já a Defesa Civil palestina fala em 300.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, declarou que o ataque supostamente israelense ao hospital de Gaza “não está em linha com o direito internacional”. Na mesma linha, o Egito condenou “com a máxima firmeza o bombardeio israelense” ao hospital “que provocou centenas de vítimas inocentes”.

Contudo, o porta-voz militar de Israel afirmou que “a Jihad Islâmica é responsável por um lançamento falho de um foguete que atingiu o hospital”. O grupo é aliado do Hamas. Ele creditou a informação a “uma análise dos sistemas operacionais do Exército e informações de inteligência de diversas fontes”.

Se o número de 500 mortes for confirmado, esse será o ataque aéreo mais mortal promovido por Israel do histórico do conflito com palestinos. O presidente da Autoridade Nacional Palestiniana, Mahmoud Abbas, proclamou três dias de luto pelo “massacre do hospital” em Gaza.

No mesmo caminho, a Jordânia cancelou a reunião sobre Gaza e o futuro dos palestinos com o presidente estadunidense Joe Biden, o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, e o presidente da Autoridade Nacional Palestiniana, Mahmoud Abbas, prevista para amanhã (18) em Amã.

Reféns

Um dirigente do Hamas disse à NBC News que o grupo está disposto a libertar imediatamente todos os reféns civis, estrangeiros e israelenses, se Israel interromper os ataques aéreos a Gaza. Ele especificou que os reféns podem ser soltos “dentro de uma hora” se Israel parar.

Segundo ele, no momento não há lugar seguro para libertar os reféns. Em troca, porém, Israel teria que soltar todos os palestinos presos nos cárceres israelenses.

Comunidade internacional

Em nota do Ministério das Relações Exteriores, o Cairo considera que “o deliberado bombardeio de estruturas civis constitui uma grave violação das disposições do direito internacional e humanitário e dos valores mais basilares da humanidade, e convida Israel a encerrar imediatamente suas políticas de punição coletiva contra a população da Faixa de Gaza”.

O país também pede que Israel cesse os bombardeios à passagem de Rafah “para consentir ao Egito e outros países e organizações internacionais fornecer ajuda humanitária o mais rápido possível”.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, escreveu no Twitter: “Atingir um hospital com mulheres, crianças e civis inocentes é o último exemplo de ataques israelenses privados dos valores humanos mais basilares. Convido toda a humanidade a agir para parar essa brutalidade sem precedentes em Gaza”.

A Jordânia condenou “firmemente” o ataque e considerou Israel “responsável pelos perigosos desenvolvimentos. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores disse que o ataque “contradiz os princípios de humanidade e viola leis de guerra”.

Tensões

Os confrontos entre manifestantes e a polícia palestina se intensificaram em Ramallah e outras partes da Cisjordânia. Na Jordânia, a embaixada de Israel em Amman foi atacada. Imagens mostram centenas de manifestantes protegendo o rosto após terem ateado fogo no exterior do edifício. A ´polícia usou gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral para dispersar os presentes.