A Argentina está preparando um forte esquema de segurança para receber, no próximo dia 30, os líderes do G-20 – o grupo que reúne as vinte maiores economias do mundo. Cerca de 25 mil agentes de inteligência, policiais e militares foram mobilizados para proteger as delegações da possibilidade de atentados e manifestações violentas. Para isso, contam com o apoio dos serviços de informação e equipamentos das grandes potências.
Faltando duas semanas para o encontro, a China doou para a Argentina US$ 18,3 milhões em equipamentos, entre os quais: quatro caminhonetes blindadas, 45 uniformes anti-explosivos e 87 detectores de minas, objetos metálicos e drogas. A doação foi anunciada na sexta-feira (16), um dia após a detenção de doze membros de um suposto grupo anarquista, suspeito de ter explodido uma bomba de fabricação caseira no cemitério La Recoleta. O cemitério, que fica em um bairro chique de Buenos Aires, também é uma das atrações turísticas da capital argentina.
A Ministra de Segurança do país, Patricia Bullrich, garantiu que Buenos Aires está preparada para sediar a Cúpula do G-20 – a primeira na América do Sul. Entre os líderes confirmados, estão os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump; da Rússia, Vladimir Putin; da China, Xi Jin-Ping e da França, Emmanuel Macron.
Com o objetivo de esvaziar a cidade e facilitar o trânsito das delegações, o governo decretou feriado em Buenos Aires no dia 30. Além dos dezenove países da União Europeia (UE), que integram o G-20, estarão presentes representantes de organizações internacionais como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI), e a Organização Mundial do Comercio (OMC). O G-20 representa dois terços da população mundial e concentra 85% da economia global.
Guerra comercial
Ao assumir a presidência do G-20 neste ano, a Argentina definiu como prioridade o desenvolvimento sustentável, em um mundo que vive uma revolução tecnológica. A cúpula servirá também para encontros bilaterais entre líderes, para discutir os temas que hoje estão afetando o comércio mundial.
A cúpula, que termina no dia 1° de dezembro, ocorre em meio a uma guerra comercial entre China e Estados Unidos e as negociações para a saída do Reino Unido da União Europeira, o Brexit. Os governos norte-americano, canadense e mexicano devem aproveitar a ocasião para assinar um novo acordo comercial que substituirá o Tratado Norte-Americano de Livre Comercio (Nafta).
O encontro também coincide com o décimo aniversário da primeira cúpula do G-20, realizada em Washington. A reunião de 2008 foi convocada para discutir a crise financeira que o mundo vivia, considerada a maior da história do capitalismo, desde a grande depressão de 1929. Começou nos Estados Unidos, com o colapso da bolha especulativa no mercado imobiliário e se espalhou pelo mundo, gerando desemprego e recessão.
Desde então, os líderes das vinte maiores economias mundiais têm se reunido anualmente para evitar outra crise. No entanto, a cúpula de 2017, realizada na cidade alemã de Hamburgo, foi marcada pela falta de consenso entre os Estados Unidos e os outros dezenove membros, sobre os principais temas: mudança climática e comércio mundial. Nas ruas, violentos enfrentamentos entre policiais e manifestantes deixaram dezenas de feridos.
“Quando lamentavelmente não há consenso, temos que refletir o dissenso e não ocultá-lo”, disse a chanceler alemã, Angela Merkel, no encerramento da cúpula de 2017. Dois líderes do G-20 que participaram da primeira cúpula, há dez anos, continuam no poder: Merkel, e o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.