O leite é um alimento rico e muito consumido pela população. Em razão disso, uma pesquisa avaliou a qualidade do leite cru e refrigerado em produtoras no Vale do Taquari.
O estudo foi realizada por Thaís Müller, no programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento da Univates (Universidade do Vale do Taquari).
Os achados da pesquisa foram publicados recentemente na revista científica Ciência Animal Brasileira. Além de Thaís, assinam a pesquisa as professoras Mônica Jachetti Maciel e Claudete Rempel.
Segundo Thaís, conhecer mais profundamente a qualidade do leite produzido na na região traz melhorias a toda a cadeia produtiva.
“Além disso, as análises físico-químicas e microbiológicas realizadas possibilitam a correção de eventuais falhas no processamento, tanto pelas propriedades produtoras de leite quanto pelas indústrias. Isso é importante para o consumidor, que tem a garantia de um alimento de qualidade, e para os produtores e indústrias, pois um leite com qualidade prejudicada causa prejuízo financeiro”, detalhou.
Como o estudo foi feito
Foram realizadas análises da composição do leite, análises físico-químicas e microbiológicas, estabelecidas pela legislação, além de medições de coliformes totais e termotolerantes, contagem de psicrotróficos nos três tipos de leite, contagem de mesófilos no leite pasteurizado e no leite UHT das indústrias. As coletas ocorreram em duas indústrias e em 33 propriedades produtoras de leite.
O estudo avaliou a qualidade físico-química e microbiológica do leite das propriedades produtoras de leite e indústrias do Vale do Taquari. Além disso, os demais artigos elaborados a partir da tese abordam também a microbiota do leite, verificada por meio de sequenciamento genético.
“Em conjunto, isso traz uma avaliação minuciosa do leite produzido na região. Os resultados mostram que a maior parte dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos analisados está de acordo com o esperado e estabelecido pela legislação vigente”, ressaltou a pesquisadora.
Resultados
Em relação às propriedades, duas (6%) apresentaram leite com acidez acima do estabelecido pela legislação e três (9%) apresentaram leite com contagem bacteriana total (CBT) acima do estabelecido. O leite da indústria 1 apresentou acidez, CBT e densidade fora dos padrões estabelecidos.
As duas indústrias e 53,2% das propriedades apresentaram leite com contagem de células somáticas (CCS) acima do determinado pela legislação.
O leite das indústrias apresentou maiores quantidades de CCS, CBT, psicrotróficos e coliformes totais e termotolerantes do que o leite das propriedades produtoras de leite, e o leite da indústria 1 apresentou maiores quantidades nos parâmetros microbiológicos do que a indústria 2.
Thaís comenta que alguns aspectos, dentre eles os microbiológicos não determinados pela legislação (e, por isso, não realizados periodicamente pelas indústrias e produtores), necessitam de atenção.
“É o caso da contagem de células somáticas, indicativa de mastite nos animais, e da contagem de psicrotróficos, microrganismos que se multiplicam no leite em temperatura de refrigeração. Ambos interferem na qualidade do leite produzido, alterando a sua composição e características sensoriais, e diminuem o tempo de prateleira do leite”, informa.
Destaque
O Vale do Taquari se destaca na produção de leite no Rio Grande do Sul, sendo esta uma das atividades agropecuárias de maior importância para a região.
“Estes achados apresentam um panorama da qualidade do leite bovino produzido e têm o objetivo de buscar a implementação de toda a cadeia produtiva, buscando melhorias que possam se materializar em um produto de melhor qualidade para o consumidor, além do desenvolvimento para o setor”, explicou Thaís.
Os resultados foram encaminhados às indústrias da região, bem como aos produtores de leite participantes da pesquisa. Além disso, será produzido um material que aborda os principais aspectos avaliados no estudo, dando ênfase ao que precisa ser melhorado.
“A intenção é que o tema, por ser algo relevante, continue sendo pesquisado dentro da Instituição. Também, vários aspectos apresentados no estudo precisam ser mais aprofundados em estudos futuros”, afirmou a pesquisadora.