Rio Grande do Sul - A região de Machadinho teve o reconhecimento da IG (Indicação Geográfica), na espécie IP (Indicação de Procedência), como produtora de erva-mate. O INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual) concedeu o título. A indicação está publicada na RPI (Revista da Propriedade Industrial) do dia 4 de fevereiro de 2025.
A Apromate (Associação dos Produtores de Erva-Mate de Machadinho) fez a solicitação ao Instituto em março de 2023. A região de Machadinho compreende os municípios gaúchos de Barracão, Cacique Doble, Machadinho, Maximiliano de Almeida, Paim Filho, Sananduva, Santo Expedito do Sul, São João da Urtiga, São José do Ouro e Tupanci do Sul.
“A região de Machadinho tem esta proximidade com o produto erva-mate, que é uma identidade local, e isto possibilitou o desenvolvimento do setor ervateiro na região, sendo um dos polos ervateiros referência no Rio Grande do Sul pela tecnologia utilizada nos ervais, pela manutenção do trabalho com erva-mate e também pelo envolvimento com a pesquisa e o associativismo”. Quem destaca é o coordenador da Câmara Setorial da Erva-Mate da Seapi (Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação), Ilvandro Barreto.
História
Os requerentes demonstraram ao INPI que colonos italianos, moradores da serra gaúcha, desenvolveram a atividade extrativista de erva-mate na região de Machadinho desde a segunda década do século XX.
Esse território foi ganhando notoriedade devido à quantidade e qualidade da erva-mate produzida. Isso porque era daí que, desde os primórdios da colonização, partia a erva-mate para outras regiões.
O local onde atualmente encontra-se Machadinho era foco dos primeiros exploradores por causa da abundância dos ervais que se desenvolviam à sombra das araucárias.
Sabor mais suave
A cultivar da erva-mate denominada Cambona 4 teve origem em Machadinho na década de 1970. Distingue-se das demais pela maior velocidade de rebrote após a colheita das folhas, além de ampla capacidade de produção de sementes, com alto percentual de germinação, permitindo uma rápida multiplicação de seus descendentes.
A cultivar Cambona 4 é tradicionalmente misturada a outras plantas de erva-mate, um saber fazer local que torna o sabor do chimarrão mais suave. Além disso, para manter essa característica, os produtos da erva-mate (chimarrão, tereré e o chá mate tostado) devem ser constituídos por, no mínimo, 50% da Cambona 4 proveniente da área geográfica delimitada.
Sustentabilidade e economia
Na região, a Cambona 4 é plantada tanto ao sol quanto em sistema agroflorestal. Isto é, associada a outras culturas agrícolas ou a diferentes espécies arbóreas.
Além disso, o sistema de plantio agroflorestal já possibilitou aos produtores obter várias premiações. Entre eles o Prêmio LIF de Responsabilidade Social, na categoria Meio Ambiente, concedido pela Câmara de Comércio França-Brasil, e o Prêmio Brasil de Meio Ambiente, edição 2007, na categoria Fauna e Flora.
Assim, a erva-mate é um ativo importante para a região de Machadinho. Isso porque contribui para o desenvolvimento territorial, com a geração de emprego e renda, além de preservar a história, os costumes e o legado de uma localidade conhecida por suas bebidas de típico sabor mais suave.
De acordo com Ilvandro, os produtos são os mais variados. Entre eles estão a erva-mate para o chimarrão, tereré, chá-mate, cerveja, chopp, cosméticos, e tem até um Spa Ilex funcionando na região.
“Para a Câmara Setorial da Erva-Mate, esta notícia é a certeza da evolução do setor no Rio Grande do Sul, com cinco grandes regiões ervateiras que tem características próprias, formas distintas de trabalhar a erva-mate, terroirs diferentes, criando uma possibilidade imensa de diversificação de produtos oferecidos aos consumidores”, afirma Ilvandro. E conclui: “quem sabe em breve não teremos cinco IG´s, uma de cada região ervateira, fortalecendo ainda mais a erva-mate produzida no Rio Grande do Sul?”.