AGRICULTURA

Governo Federal autoriza Conab a fazer compra pública de leite

O setor vive uma grave crise, potencializada pelo aumento dos custos de produção e das importações do Mercosul nos últimos anos

Foto: Cadu Gomes

O Governo Federal, através do vice-presidente da República e ministro do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Geraldo Alckmin, autorizou a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) a fazer compras governamentais de leite e derivados. O setor vive uma grave crise, potencializada pelo aumento dos custos de produção e das importações do Mercosul nos últimos anos.

O anúncio da autorização foi feito na tarde desta sexta-feira (4), em reunião entre Alckmin, representantes de entidades do setor gaúcho e o presidente da Conab, Edegar Pretto. A oficialização deve ocorrer na próxima semana.

Segundo Pretto, a cadeia produtiva do leite está sendo olhada com muita atenção pelo governo do presidente Lula. “Estamos dialogando com o ministro Carlos Fávaro [Mapa] e Paulo Teixeira [MDA] sobre como será essa compra, qual é o montante e qual é o valor que a Conab vai destinar”, explica o presidente da Conab.

A avaliação das entidades é que a importação de leite, especialmente da Argentina e do Uruguai, tem impactado negativamente na produção gaúcha e nacional. Entre as ações solicitadas a Alckmin, está a criação de medidas para valorização do leite produzido no Brasil, além de melhorar o acesso ao Proagro (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária) vinculado ao crédito.

Conforme levantamento da Emater, entre 2015 e 2021, 44 mil produtores de leite ligados à indústria abandonaram a atividade no Rio Grande do Sul. Segundo Plínio Simas, do MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), na região Norte do Rio Grande do Sul, por exemplo, havia 20 mil produtores de leite e, com a crise dos últimos anos, hoje há apenas 4 mil.

De acordo com as entidades, isso contribui para a evasão rural e gera impactos econômicos negativos para os municípios. “Muita gente está vendendo as vacas pro açougue”, relata Simas.