PRODUÇÃO AGRÍCOLA

Chuvas de junho afetaram produção de trigo no RS

Seapi registrou atraso na semeadura e implantação das lavouras. Mesmo com 92% da área plantada, recuperação pós-chuvas é desigual nas regiões

Foto: Divulgação/Emater
Foto: Divulgação/Emater

O volume de chuva em junho de 2025 teve como principal impacto no RS o atraso na semeadura e implantação das lavouras de trigo. A análise faz parte do Comunicado Agrometeorológico 88 – Junho 2025, da Seapi (Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação).

Com o excesso de chuvas e a consequente umidade dos solos, a semeadura do trigo atrasou no estado.

“A estimativa inicial de safra da Emater/RS-Ascar apontou para uma redução de 10% na área cultivada, um reflexo do risco climático, dos preços e da baixa demanda por crédito para custeio”, conclui a pesquisadora Loana Cardoso, uma das autoras do comunicado.

Dados gerais

Na semana passada, a Seapi já havia atualizado a situação das lavouras de trigo no estado. O predomínio do tempo seco contribuiu para o bom ritmo dos trabalhos, que já alcançam 92% da área projetada, superando os índices registrados em anos anteriores para o mesmo período.

A recuperação, no entanto, é desigual entre as regiões. No Sul do Estado, a persistência da umidade relativa elevada e da nebulosidade tem limitado o desenvolvimento das plantas. Já no Noroeste, as temperaturas mais altas provocaram amarelecimento foliar e os primeiros sintomas de doenças fúngicas.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, que abrange a Fronteira Oeste, o avanço da semeadura é mais tímido. A área implantada chega a cerca de 80%. O resultado está abaixo do registrado em safras anteriores em municípios como São Borja, Itaqui e Maçambará — responsáveis pelas maiores produções da região.

O atraso está relacionado às intensas chuvas desde a abertura da janela de semeadura, que comprometeram as condições de campo e exigiram replantios e ações corretivas em áreas afetadas por processos erosivos, como erosão laminar e sulcos.

Altos acumulados

“Embora em menor magnitude na comparação com as enchentes de maio de 2024, as chuvas de junho deste ano também causaram transtornos à sociedade, com maior impacto nas Bacias Hidrográficas do Uruguai (rio Uruguai), Guaíba (rios Jacuí, Taquari, Caí, Sinos, Gravataí e Guaíba) e na Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas (rio Jaguarão)”, conta a pesquisadora Loana Cardoso, uma das autoras do comunicado.

No detalhamento dos dados de 23 estações analisadas, verificou-se que os totais mensais de chuva registrados foram elevados, com 13 dos 23 locais apresentando precipitação pluvial acima de 300 mm. O maior total mensal ocorreu em Sobradinho, na Encosta Inferior da Serra, com 629,2 mm

“Principalmente na porção Norte do estado, as chuvas foram acima da média climatológica, ou seja, os desvios foram positivos. Esses desvios variaram de 17,6 mm em Camaquã, na região dos Grandes Lagos, a até 471,8 mm em Sobradinho”, complementa Loana.