MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Chuvas extremas e ondas de calor devem se intensificar até 2040 no RS

Levantamento alerta para impactos climáticos severos na produção agropecuária e escassez hídrica.

Marcos Kazmierczak, engenheiro florestal, é especialista em geotecnologias
Marcos Kazmierczak, engenheiro florestal, é especialista em geotecnologias. Crédito: Jardine Comunicação

A previsão de eventos climáticos mais intensos e prolongados preocupa os especialistas do setor agropecuário. Durante a 3ª Jornada Técnica da RTC (Rede Técnica Cooperativa), realizada na quinta-feira (29) em Gramado, o engenheiro florestal Marcos Kazmierczak apresentou projeções que indicam agravamento das chuvas e do calor extremo até 2040 no Rio Grande do Sul.

O especialista alertou que chuvas excessivas e longos períodos de seca se tornarão mais frequentes. Segundo ele, o número de dias secos consecutivos poderá saltar de 40 para até 90, e a previsão é de que 491 municípios gaúchos sejam atingidos por eventos extremos de chuva.

Kazmierczak, que atua como consultor na KAZ Tech e é especialista em geotecnologias, destacou que a reversão do cenário atual exigiria redução de 87% nas emissões de CO₂, o que considera inviável no curto prazo. “Estamos em uma emergência climática. Não levará mais de 80 anos para uma nova enchente devastadora”, afirmou.

Impactos no agronegócio

A produção animal e vegetal será diretamente afetada. Segundo Kazmierczak, a fotossíntese será prejudicada e haverá redução drástica na produtividade de leite e carne de frango. A irrigação de arroz, por exemplo, poderá cair até 40% devido à perda de recursos hídricos.

O palestrante apresentou dados comparativos que mostram o crescimento dos eventos extremos no Brasil: entre 1994-2003 e 2014-2023, houve um aumento de 225% nas ocorrências climáticas e um salto de 653% no número de moradias afetadas. No Rio Grande do Sul, os prejuízos econômicos ultrapassaram R$ 1,3 bilhão.

Caminhos para mitigação

Entre as medidas sugeridas para mitigar os impactos, estão:

  • Aumento do teor de carbono no solo em pelo menos 3%;
  • Redução do uso de fertilizantes nitrogenados;
  • Promoção de proteínas de menor emissão de carbono;
  • Redução no consumo de carne bovina em 25% até 2030;
  • Cortes nas emissões de metano e óxido nitroso no cultivo de arroz.

Entretanto, Kazmierczak vê como mais viável o investimento em adaptação, como o desenvolvimento de cultivares resilientes, gestão integrada dos recursos hídricos e programas de assistência técnica rural.

Com o tema “O futuro do agro já chegou. Vamos juntos?”, a 3ª Jornada Técnica RTC reúne 15 palestrantes nacionais e internacionais que discutem gestão, inovação, sustentabilidade e produção leiteira. A realização é da RTC e da CCGL, com patrocínio da Termasa e apoio da Fecoagro/RS, Sistema Ocergs-Sescoop/RS e da plataforma SmartCoop.