BIODIESEL NO BRASIL

Governo mantém mistura de biodiesel em 14% para evitar alta no preço dos alimentos

Decisão do CNPE evita aumento no valor do diesel, que impactaria o transporte de cargas e pressionaria os preços da comida.

Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) decidiu manter o percentual de biodiesel misturado ao diesel em 14%, adiando o aumento para 15%. A mudança estava prevista para 1º de março. A decisão foi anunciada nesta terça-feira (18) e tem como objetivo evitar o encarecimento dos alimentos, já que o diesel representa cerca de 35% do valor do frete no Brasil.

O biodiesel, apesar de ser uma alternativa renovável e menos poluente, custa mais caro que o diesel comum. Com um percentual maior de biodiesel, o preço do combustível subiria nas bombas, impactando diretamente os custos do transporte de mercadorias e, consequentemente, o preço da comida.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou que a prioridade do governo é reduzir os custos dos produtos básicos para a população.

“O preço dos alimentos é a grande prioridade do nosso governo. Mantemos a mistura em B14 [teor de 14% de biodiesel] até que tenhamos resultados no preço dos alimentos da população, já que boa parte da produção do biodiesel vem da soja”, afirmou o ministro.

Impacto no mercado de combustíveis

A decisão ocorre em um momento de pressão nos preços dos combustíveis. No final de janeiro, a Petrobras aumentou o preço do diesel em R$ 0,22 para as distribuidoras, buscando diminuir a defasagem em relação ao mercado internacional. Caso a mistura de biodiesel subisse para 15%, o diesel teria um novo reajuste, aumentando os custos do transporte e da cadeia produtiva.

A produção de biodiesel no Brasil tem como principal matéria-prima a soja, uma commodity amplamente exportada e pouco consumida diretamente pela população. O aumento do uso do biodiesel pode pressionar ainda mais a demanda pela soja, influenciando os preços.

Lei Combustível do Futuro e a política de biodiesel

A Lei Combustível do Futuro, sancionada em outubro de 2024, determina que a parcela de biodiesel no diesel varie entre 13% e 25%. Mas a decisão final sobre os reajustes cabe ao CNPE. Desde 2008, a mistura do biodiesel ao diesel é obrigatória, como uma medida para reduzir a poluição no setor de transportes.

Por enquanto, o governo avalia o impacto da política sobre os preços dos alimentos antes de avançar com novos aumentos no percentual do biocombustível.