EL NIÑO

Chuvas acima da média para o Sul do Brasil nos próximos meses, alerta Cemaden

Não estão descartadas situações similares como a do ciclone registrado na semana passada no Rio Grande do Sul

Bairro Ponta Grossa, em Porto Alegre, alagado por causa da chuva forte. Crédito: Rodger Timm / PMPA

A previsão aponta que o El Niño ainda não atingiu sua intensidade máxima. Assim, não estão descartadas situações similares como a do ciclone registrado na semana passada no Rio Grande do Sul nos próximos meses. A informação é do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Segundo o Centro, a previsão é de chuvas acima da média para o Sul do Brasil, pelo menos até novembro. Isso devido a um sistema frontal quase estacionário, que são regiões de encontro de massas de ar quentes e frias, típico do El Niño. Ele foi o principal responsável pelas precipitações históricas que desencadearam as inundações no centro-norte do Rio Grande do Sul. Conforme o último balanço da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, 103 municípios gaúchos foram atingidos de alguma maneira pelas chuvas.

Segundo o Cemaden, uma frente fria, que se originou na Argentina e estacionou sobre o estado, aliada a um sistema de baixa pressão nos altos níveis da atmosfera, motivaram as precipitações de quase 300 milímetros. “Para se ter ideia da dimensão, choveu em 5 dias o dobro do historicamente registrado para todo o mês de setembro”, destacou o centro de monitoramento.

Durante os anos de El Niño, as frentes frias se posicionam com maior frequência sobre a região Sul do Brasil e, com isso, as precipitações se tornam mais assíduas e volumosas, em contraste com as regiões Norte e Nordeste, que costumam apresentar seca.

O centro explica ainda que o fenômeno ocorre porque o aumento das temperaturas nas proximidades do Equador amplia a deferência térmica entre as latitudes equatoriais e polares. A consequência é uma maior intensidade e estabilidade dos ‘jatos’, que são canais de ventos intensos que ocorrem na alta atmosfera e que controlam o comportamento das frentes frias.

Durante anos do El Niño, esses jatos tendem a se posicionar sobre a Região Sul, motivando a alta frequência de passagens frontais sobre essa região e, em decorrência, um maior acumulado de chuva, conclui o Cemanden.