OUTONO

Catástrofe climática e calor prejudicaram produção leiteira no RS

Além das enchentes, o período do outono de 2024 registrou dias abafados, causando desconforto nos animais.

Foto: Camila Domingues/Palácio Piratini (arquivo)
Foto: Camila Domingues/Palácio Piratini (arquivo)

A catástrofe climática ocorrida entre abril e maio no Rio Grande do Sul causou grandes perdas na agropecuária gaúcha, inclusive na produção leiteira.

Além das enchentes, o período do outono de 2024 registrou dias abafados, causando desconforto nos animais e prejudicando a produção leiteira, segundo o Comunicado Agrometeorologico 71 – Especial Biometeorológico Outono 2024, editado pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Seapi (Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação).

“Somado a este enorme prejuízo, as condições climáticas ocorridas no outono causaram episódios de desconforto térmico aos animais em algumas regiões do estado, com ênfase no mês de março. É mais um fator a contribuir para a estimativa de queda na produção de leite do Rio Grande do Sul nesse período”, detalha a pesquisadora Adriana Tarouco, uma das autoras do Comunicado.

O calor proporcionou situações de estresse térmico ao longo do trimestre, principalmente em março. “Em somente 49,7% do período deste mês os animais estiveram em conforto térmico. Houve, inclusive, situações perigosas à vida dos animais em 6,6% do mês de março”, contabiliza a pesquisadora.

Segundo a Seapi, a região de São Borja se destacou pelo menor percentual de horas do trimestre em que os animais estiveram em conforto térmico (28,9%), além de cinco municípios com valores inferiores a 40%, em março.

Em abril, somente em três foram registrados percentuais inferiores a 60%. Em maio, os percentuais de horas em conforto térmico foram superiores a 80% em todas as regiões.

Estimativas

Conforme a Seapi, as estimativas potenciais de queda de produção diária de leite devido às condições meteorológicas ocorridas no outono de 2024 foram mais elevadas em vacas de maior produtividade.

“Para as vacas com produção entre cinco a 20 quilos diários, as maiores perdas foram estimadas para as fêmeas com produção diária de 20 quilos em Campo Bom e em Uruguaiana, com menos 3,9 quilos de leite ao dia no mês de março, e em Santa Maria, com menos quatro quilos de leite por dia em maio”, ressalta Adriana.

Estimativas de queda de produção superiores a seis quilos diários para fêmeas com produção média de 40 quilos por dia foram observadas em 10 dos 16 municípios avaliados (62,5%) no mês de março, em que foi registrado o menor percentual de horas em conforto térmico para os animais.

“Nestes locais, foi necessário tomar medidas de manejo para evitar perdas de produção de leite e reduzir prejuízos econômicos para os produtores rurais”, conclui a pesquisadora.