A grande cheia de 2024 causa prejuízos incontáveis em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. A cidade, que tem a terceira maior população do Rio Grande do Sul, vive a maior tragédia das cheias de sua história.
Os alagamentos atingiram até 3 metros em alguns pontos dos bairros Rio Branco, Fátima, Mato Grande, Harmonia, Cinco Colônias e Mathias Velho. Casas estão totalmente submersas. Moradores estão nos telhados. Cerca de 90% de todos os imóveis do lado oeste da cidade foram atingidos.
A estimativa do prefeito, Jairo Jorge é que 180 mil pessoas tenham sido diretamente impactadas pela enchente. Os resgatados que estão acolhidos nos abrigos em que a Prefeitura de Canoas está gerenciando está disponível.
O HPS (Hospital de Pronto-Socorro) do município teve que ser evacuado. Dos 13 pacientes que estavam na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), 11 foram transferidos para outras unidades e 2 faleceram.
A situação não está, ainda, perto do controle. Ainda no sábado (4), a prefeitura de Canoas começou a evacuação do bairro Niterói, que é uma das áreas baixas do município e que fica no lado leste da cidade, o oposto ao que foi atingido na sexta-feira.
O início do caos
A cheia no Rio Branco começou por volta das 4h30 da manhã de sexta-feira (3). O dique que protege a cidade das cheias do rio Gravataí apresentou não conseguiu segurar a água no trecho da avenida Guilherme Schell, próximo da ponte que divide Canoas com Porto Alegre.
A evacuação de parte do bairro começou por volta das 9h30. A partir daí, as águas foram só aumentando sua invasão. Quadra a quadra, casa a casa. A cheia foi invadindo e destruindo tudo. Desde imóveis residenciais, a empresas e comércios, quanto móveis, veículos… Tudo encoberto pela água.
O maior susto ocorreu, porém, já no período noturno, quando as águas da enchente desceram da parte mais alta para a mais baixa do bairro por ruas como Mauá, Primavera, Henrique Dias e outras. Centenas de moradores ficaram, rapidamente, ilhados.
Na Mathias Velho, a água do rio dos Sinos passou por cima do dique de contenção entre a madrugada e manhã de sábado (4). O sistema construído em 1968, após uma enchente que atingiu a cidade em 1967, acabou superado pela cheia de 2024. Rapidamente o bairro ficou submerso.
A água se espalha e mobiliza a cidade
Outros bairros também tiveram inundação, como o Fátima, Mato Grande, Central Park, Cinco Colônias, Harmonia, Vila Santo Operário, Vila Cerne, Mathias Velho, além da parte baixa do Centro.
Para a enchente passar de uma rua alagada até se tornar um grande lago foi questão de pouco tempo. A partir da meia-noite da manhã de sábado (4), não havia mais como sair por próprios meios. No Rio Branco, Era necessário ajuda. Barcos, botes – e pela manhã jet skis e helicópteros – foram únicos meios de resgate.
Uma verdadeira operação de guerra. Cerca de 50 voluntários se revezavam no recebimento dos socorridos no viaduto da avenida Mauá, no bairro Rio Branco. Os moradores em choque pela situação que viviam eram colocados em um carro do Exército e levados até o outro lado, às margens da BR-116.
Do outro lado, bombeiros e voluntários faziam o possível para enviar equipes para a área mais densamente povoada de Canoas: Cinco Colônias, Harmonia, Vila Santo Operário, Vila Cerne e Mathias Velho. A partir do Carrefour e da entrada do Mathias Velho, na avenida Rio Grande do Sul, milhares de pessoas foram resgatadas.
Resgates e doações
Conforme cálculo da Prefeitura, até a noite de ontem, o número passava de 7,5 mil pessoas. Mas esse número, agora, deve ser muito maior. Os resgatados tiveram translado para a Ulbra, na parte mais alta do município e do outro lado da linha do trem e da BR-116, que tem atuado como diques de contenção em grande parte do trecho.
No entanto, o local lotou rapidamente. Outros 27 pontos da cidade estão sendo usados como abrigos. Conforme a Prefeitura de Canoas, o número de abrigos pode aumentar.
Os resgates não param. Pedidos de salvamento em Canoas devem ser feitos através do telefone: (51) 9 8255-0947.
Equipes seguem tirando moradores das áreas atingidas e a Prefeitura pede voluntários com barcos para mais ações de resgate. Quem quiser ajudar, precisa comparecer ao CICC (Centro Integrado de Comando e Controle), na rua Humaitá, 1130, Nossa Senhora das Graças.
Entre os itens que há necessidade de reforço de doações está o de lanternas com pilha, colchões, roupas de cama cobertores, itens de higiene e limpeza, alimentos não perecíveis, entre outros. Uma Central recebe as entregas, que devem ser feitas na Cassol, na avenida Farroupilha, 5775, bairro Marechal Rondon.