O mundo real versus a fantasia de Lula

Em seu discurso na manhã de sábado (7) em São Bernardo do Campo, Lula falou sobre um mundo inexistente, como se vivesse sob uma redoma, em referência livre à série “Under The Dome”. Ele deixou claro nas entrelinhas que o Brasil está com ele e aceitou o Lulismo ao dizer que cada um dos presentes a partir de agora são “Lulas”, em um festival de afirmações recheadas de frases de efeito, com peso apenas político e quase sem nenhuma relevância de forma geral.

A longa fala agradou a militantes e seguidores, mas não é, nem de longe, espelho da realidade. Nas ruas, a situação é bem diferente.

A mobilização observada contra a prisão do ex-presidente foi algo entre mediana e fraca e em algumas regiões, usando um argumento comum de seus apoiadores, até mesmo aqueles que foram beneficiados pela sua política social não aguentam mais a pirotecnia montada em torno do ex-presidente. Podemos observar ainda que poucos estão realmente dando importância ao discurso vitimista e à versão da história que seus aliados tentam contar.

O caótico vai e vem de recursos, protagonizado por seus advogados, pode parecer sinal de luta pela inocência e resistência no roteiro, mas, na vida real, soa como desespero e mais um sinal de que a justiça brasileira é cega, tarda a falha quando as situações envolvem aqueles que detêm o poder.

Essa visão enfraquece a política de igualdade social e jurídica ainda mais e faz com que os mais pobres passem a desacreditar na possibilidade de um criminoso mais abastado ou político vir a pagar por seus crimes, fortalecendo um discurso existente há anos no país e fazendo o interesse no tema não ampliar como deveria e ficar restrito a um pequeno grupo.

“Para que eu vou acompanhar esse circo se no fim vai dar em nada como sempre?”, questionou um jovem ao ser questionado pela nossa equipe se ele estava acompanhando a movimentação referente à prisão do ex-presidente Lula.

O argumento acima é recorrente na vida real, e, apesar do bom índice de Lula nas pesquisas de intenção de voto, ele está bem longe do apoio popular pleno que imagina ter. Isso nos permite inferir que uma parcela desses eleitores somente o escolheram por uma eventual falta de opção ao avaliar o cenário proposto durante o a simulação visto que o voto é obrigatório no Brasil e cada um tem a obrigação de escolher um candidato.

Lula precisa acordar, sair da redoma e perceber que o castelo que imagina habitar é feito de areia. E ele está no meio de uma severa tempestade.