A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quinta-feira (18), a sexta fase da Operação Peixe de Tobias e a sétima da Operação Abscondito II, ambas desdobramentos da Operação Sermão aos Peixes. Durante a ação, agentes policiais cumpriram oito mandados de prisão temporária, um de prisão preventiva e 19 mandados de busca e apreensão nas cidades de São Luís e Imperatriz, no Maranhão, Parauapebas, no Pará, Palmas, no Tocantins, Brasília e Goiânia.
As equipes atendem a determinações expedidas pela 1ª Vara Criminal Federal da Seção Judiciária do Maranhão, e as investigações contam com a participação do Ministério da Transparência, da Fiscalização e Controladoria-Geral da União (CGU) e da Receita Federal.
De acordo com a corporação, apurações feitas no âmbito da Operação Peixe de Tobias levantaram suspeitas de que, entre os anos de 2011 e 2013, cerca de R$ 2 milhões destinados ao sistema de saúde estadual teriam sido desviados para uma empresa com sede em Imperatriz. A quantia teria beneficiado ainda um grupo de blogueiros, que estaria sendo pago mensalmente.
A Operação Abscondito II investiga o vazamento de informações relacionadas à Operação Sermão aos Peixes. Tudo indica que os suspeitos cooptaram servidores públicos para obter dados sobre o andamento da investigação, disse a PF.
Segundo a corporação, a organização criminosa, inclusive, destruiu e ocultou parte das provas que comprovariam as infrações cometidas. Para impedir que fosse decretada a perda dos bens adquiridos no esquema, um dos investigados buscou extingui-los e transferi-los a terceiros, descumprindo medidas cautelares impostas pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Os investigados poderão responder pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Após os procedimentos legais, os detidos serão encaminhados ao sistema penitenciário estadual e permanecerão à disposição da Justiça Federal.
Nome das ações
Os nomes escolhidos para as fases agora deflagradas, explicou a PF, são uma referência a um dos trechos dos Sermões, do padre Antônio Vieira (1654), que ficou conhecido como o Sermão aos Peixes. No discurso, o religioso português faz uma analogia entre os peixes e os vícios e a corrupção da sociedade. Conforme o texto, a bílis do Peixe de Tobias, embora pouco palatável, tinha capacidade de curar a cegueira dos ouvintes. No contexto da investigação, o Peixe de Tobias busca revelar parte da trama delitiva que envolveu o desvio de recursos públicos.
Continuidade da Operação Abscondito, que foi iniciada em outubro de 2016, a Abscondito II remonta a um trecho dos Sermões que postula que, quanto maiores os peixes, mais se escondem. Trata-se de uma alusão aos atos de ocultação de provas e de patrimônio.