Oito em cada dez paulistanos acreditam que aumentou o número de crianças e adolescentes usando álcool e drogas na cidade nos últimos doze meses. Para 76%, cresceu o número daqueles que pedem dinheiro e para 73%, o de crianças morando na rua. Além disso, para 51% aumentou o número de crianças e adolescentes trabalhando em São Paulo.
Os dados fazem parte da Pesquisa Viver em São Paulo – Criança, feita pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope e divulgada hoje (9), na capital paulista.
De acordo com o estudo, 45% da população de São Paulo mora com crianças ou adolescentes – 26% mora apenas com crianças, 11% com adolescentes e 8% com ambos.
Entre os entrevistados, 71% afirmam que as crianças e adolescentes por quem são responsáveis estudam em escola pública, 21% em escola particular e 3% em ambas.
Quem circula pela cidade com crianças e adolescentes diz que a principal dificuldade é a lotação do transporte público (22%), seguida da falta de respeito da população (11%), insegurança do transporte (11%), a multidão nas ruas da cidade (10%). Outros 21% dizem utilizar outro tipo de meio de transporte e não o ônibus por ser muito cheio.
Espaços públicos
Quando questionados sobre a utilização dos espaços públicos, quatro em cada dez avaliaram a qualidade dos Centros Culturais e bibliotecas públicas como ótimas ou boas. Um em cada dez disse que é ruim ou péssimo.
A qualidade dos espaços de lazer e convivência dos CEUs (Centros de Artes e Esportes Unificados) é boa ou ótima para 34% dos paulistanos e ruim ou péssima para 16%. Parques e praças são bem avaliados por 20% e mal avaliados por 30%.
Os parquinhos públicos receberam a pior classificação do paulistano: 40% dizem que a qualidade é ruim ou péssima e 20% que é boa.
“Fica evidente que o paulistano entende que São Paulo é uma cidade pouco acolhedora para as crianças. Infelizmente são apenas destaques negativos que a pesquisa traz e que reforça o que já sabíamos que ainda há muito a fazer na cidade de São Paulo para a primeira infância”, disse o gestor da Rede Nossa São Paulo, Américo Sampaio.
Segundo ele, crianças que crescem em uma cidade que não consegue garantir qualidade de vida na primeira infância são extremamente prejudicadas em sua formação até a idade adulta, porque normalmente se garante um bom crescimento para os setores da classe média e elite e não se dá atenção para as crianças da periferia e as mais pobres.
“Faltam políticas públicas que priorizem as crianças da periferia, negras e mais pobres. Para resolver esse cenário, é preciso ter uma cidade que prioriza a criança em detrimento das outras parcelas da população no orçamento público, no investimento, na gestão das políticas públicas. Para todas as áreas precisaria ter um trabalho de começar as políticas públicas pela criança e depois olhar para os diferentes extratos da sociedade”, disse Sampaio.