Pintura corporal leva discussão sobre autoestima ao Carnaval de Porto Alegre

O corpo de três modelos que já sofreram preconceito estético foram transformados em telas pelo artista curitibano Douglas Reder durante o Carnaval de Rua de Porto Alegre, no último domingo (18). A professora e atriz Érika Theodoro, o fotógrafo albino Felipe Machado e a jornalista e cantora do Bloco Maria do Bairro Vivi Schwäger participaram do movimento Skol Corpo Positivo, que busca valorizar todos os tipos de corpos, promove a quebra dos padrões e a discussão sobre autoestima.

O projeto tem a curadoria da jornalista Flávia Durante, protagonista do movimento Plus Size no País. Além de Porto Alegre, a ação também foi realizada em São Paulo e Belo Horizonte, todas com a participação de Érika Theodoro, escolhida para ser a modelo nacional do movimento.

“Existe ainda muita dificuldade na questão da aceitação do corpo, do gênero e de todas as diversidades que estão sendo discutidas. Por isso, essa ação da Skol é uma maneira de transformar a autoestima das pessoas, pois o processo de aceitação é contínuo”, afirma Érika, que também participou de biquíni de uma ação da marca no ano passado e mora Piracicaba (SP).

Vivi Schwäger. Foto: Vini Dalla Rosa-Divulgação

Os outros dois modelos pintados em Porto Alegre moram no Rio Grande do Sul. Na opinião de Vivi, é de uma “importância monumental” trazer essa discussão sobre os padrões de beleza para sociedade.“Amei p articipar da ação”, completou.

Já Felipe Machado, que disse ter sido rotulado muitas vezes como “diferente” por ser albino, afirmou que a ação foi incrível não apenas pela vivência de ser pintado, mas “pela importância e representatividade” que o movimento possui. “Foi uma experiência sensacional”, completou o fotógrafo.

Movimento busca derrubar o mito do “corpo perfeito”

Inspirada no movimento homônimo, que vem da expressão em inglês Body Positive, o Skol Corpo Positivo estimula pessoas do mundo todo, de todos os corpos, a aceitarem suas formas e falarem sobre o tema de maneira franca. Um movimento que conversa exatamente com a campanha de verão da cerveja, “Tá redondo, Tá Junto”, que celebra a diversidade e reforça que é melhor se juntar a segregar.

A ação contribui para derrubar o mito do “corpo perfeito” e também a combater a gordofobia, um preconceito muito presente do dia a dia do brasileiro.

Felipe, Vivi, Douglas e Érika. Foto: Vini Dalla Rosa – Divulgação

Uma pesquisa encomendada pela Skol e realizada pelo IBOPE Inteligência em setembro de 2017, mostrou que, ainda que velada, a gordofobia está presente na rotina de 92% dos brasileiros.

Apesar do alto número, apenas 10% daqueles que se declaram preconceituosos assumem que são gordofóbicos. No Sul, 29% dos entrevistados já fizeram comentários de preconceito estético e a frase “Ele(a) é bonito(a), mas é gordinho(a)” já foi dita por 22% dos moradores da região.