Federasul recebe candidatos ao Senado pelo RS

A Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) realizou nesta quarta-feira (12) mais uma edição do Tá na Mesa – Especial Eleições 2018.

Segundo a entidade, a promoção dos painéis entre os candidatos ao Senado considera os principais nomes e os mais bem cotados nas últimas pesquisas de intenção de votos e, também os critérios de representatividade partidária na Câmara Federal. Participaram do painel, que aconteceu no Salão Nobre do Palácio do Comércio, os candidatos Beto Albuquerque (PSB); José Fogaça (MDB); Luiz Carlos Heinze (PP); Mário Bernd (PPS) e Paulo Paim (PT).

Assim como na edição do painel com os candidatos ao Piratini em agosto, as regras foram as mesmas. A presidente da Federasul, Simone Leite, que mediou o encontro, lamentou na abertura que mesmo dentro dos critérios não havia a presença de candidatas, como Abigail Pereira, do PC do B e Carmen Flores, do PSL. Os debatedores foram provocados a responder uma questão, composta por quatro temas polêmicos, formulada pela Federasul. Os assuntos foram: Casamento Homoafetivo; Aborto; Estatuto do Desarmamento e Maioridade Penal.

Por sorteio presencial o primeiro a responder foi o candidato do MDB, José Fogaça, que abordou o tema união homoafetiva pelo viés da liberdade de escolha sexual. “Cada um é livre para ser aquilo que sua natureza interna diz, e o Supremo Tribunal Federal resguarda e determina que todo o cidadão que se engloba nessa situação deve ser respeitado e, acima de tudo, ter sua decisão de unir-se a pessoa do mesmo sexo, registrada publicamente”, afirmou. Para Fogaça o aborto deve ser tratado como uma questão de saúde pública e as mulheres que se enquadram nessa situação, precisam de um atendimento humanizado. No que toca ao desarmamento, o ex-prefeito de Porto Alegre afirmou que “moradores de localidades isoladas, precisam ter acesso às armas de fogo”, finalizou.

O segundo a ser sorteado para responder foi o atual senador pelo Rio Grande do Sul, Paulo Paim, do Partidos dos Trabalhadores (PT). Para ele os questionamentos da Federasul já estão bem esclarecidos, mas o que tange o assunto do aborto, precisa ser mais divulgado e amplamente explicado. Para o parlamentar é necessário atendimento médico especializado e que o pobre tenha acesso a isso. ”Que essa chaga acabe. Não é justo que mulheres pobres, negras, e de periferia morram. Todas as mulheres devem decidir sobre o seu corpo”, afirmou Paim, que se posicionou de forma contrária nos demais assuntos, como maioridade penal e desarmamento.

O candidato do PPS, Mário Bernd, afirmou que se homem tivesse como gestar uma criança, com certeza, o poder de abortar já teria sido aprovado pelo Congresso Nacional. “Aborto é saúde pública”, disse. Na questão que envolve a maioridade penal, Mario afirmou que é preciso construir presídios que recuperem os apenados. “Porém, [para] aqueles que são reincidentes, a aplicação rigorosa e pesada da Lei”, declarou.

Beto Albuquerque, do PSB, focou na questão da maioridade penal. “Crimes hediondos devem ser punidos exemplarmente”, e defendeu, também, a federalização do sistema penitenciário. O aborto foi tratado pelo candidato como questão básica de saúde e direito da mulher, mas que não deve ser considerado um método contraceptivo. “Ninguém aborta pelo prazer de abortar”, disse. O ex-reitor da UERGS (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul), afirmou que o Brasil não está preparado para liberar completamente o uso e o porte de armas.

Heinze, do Partido Progressista, foi contra a liberação do aborto, exceto nas possibilidades em Lei, e no quesito da relação homoafetiva afirmou que “não cabe o Estado regular isso”. “A vida é privada e o STF já dá respaldo para esse assunto”, concluiu. Quanto à maioridade penal, afirmou que é necessário ser revista a Lei, e que o preso deve trabalhar na cadeia para pagar o período do cumprimento da pena. Já para as armas o ex-prefeito de São Borja, definiu como insustentável a atual legislação. “É inadmissível um morador sair de sua propriedade e andar 200 ou 300km até chegar numa delegacia. A posse deve ser liberada, o porte deve permanecer como está. É preciso acabar com essa burocracia”, afirmou Heinze.

Mulheres

A candidata Abigail Pereira, do PCdoB, emitiu nota lamentando que nenhuma das candidatas mulheres gaúchas ao Senado foram convidadas para o debate.

Segundo a equipe da candidata, foi feito contato com a Federasul para entender o critério de seleção para a participação no evento. A entidade respondeu que a representatividade dos partidos dos candidatos na Câmara dos Deputados foi o que definiu a escolha.

A nota protesta dizendo que pelo menos um dos partidos de um candidato teria menos representatividade na Câmara do que o PCdoB, partido de Abigail.

“Como consta no site da Câmara dos Deputados, o PPS tem oito deputados em exercício e quatro que não estão em exercício. Ou seja, 12 deputados no total. Já o PCdoB conta com dez deputados em exercício na Câmara e cinco que não estão em exercício, no total de 15 deputados”, diz o texto.

O protesto inclui outras candidatas. “Sendo assim, fica claro que o critério de representatividade estabelecido pela Federasul não foi levado em conta, visto que a candidata Abigail Pereira não foi convidada para o debate. Além disso, sabemos que outras candidatas mulheres ao Senado cujos partidos também contam com mais representatividade também não foram convidadas para o evento.”

A nota finaliza dizendo que a Federasul tem o direito de convidar os candidatos de sua preferência para participar de seus eventos, mas contesta o critério. “A entidade parece não ser honesta ao informar um critério de escolha que não é posto em prática. Mais do que isso, chama a atenção o fato de este critério não ser levado à risca justamente com as candidatas mulheres ao Senado, já tão pouco representadas na política.

A Federasul afirma em seu site que o evento “Tá na Mesa” sempre se posicionou dentro do “conceito amplo e irrestrito de diversidade”.