O traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, participa hoje (4) por meio de videoconferência, do julgamento no 3º Tribunal do Júri da capital, na sede do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, no centro do Rio. O traficante está preso em Rondônia, no presídio federal de Porto Velho.
O julgamento presidido pela juíza da 20ª Vara Criminal, mas em exercício no tribunal, Tula Corrêa de Mello, tem previsão de término na madrugada desta quarta-feira (5). Nem é acusado de ter ordenado, em maio de 2011, a morte da modelo Luana Rodrigues de Sousa, de 20 anos, e de sua amiga, Andressa de Oliveira, de 25, na favela da Rocinha, na zona sul do Rio. O desaparecimento de uma mochila com drogas, com conteúdo avaliado em R$ 30 mil, que Luana não teria entregue a um traficante, seria o motivo das mortes.
Também por meio de videoconferência, estão em julgamento os traficantes Thiago de Souza Cheru e Rodrigo Belo Ferreira. Já Anderson Rosa Mendonça optou por não participar presencialmente. Os três também estão envolvidos no crime e cumprem pena no Complexo de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio.
Durante o julgamento, Sueli Rodrigues Rosa, mãe de Luana, confirmou que a filha recebeu uma ligação de uma pessoa chamada Dorei, que seria traficante, pedindo que a modelo fosse para a Rocinha. Logo em seguida ela saiu e nunca mais voltou.
Sueli foi questionada ainda se sabia do envolvimento da filha com policiais, traficantes e jogadores de futebol. Ela confirmou que sim, como também da atuação de Luana como modelo. Contou ainda que a filha morou por menos de um mês com Andressa, que “pareceu ser uma menina quieta”. Sueli disse desconhecer que Andressa já tinha sido presa por envolvimento com o tráfico de drogas. “Na época, não sabia disso”.
O julgamento foi interrompido por volta das 20h com o encerramento dos depoimentos das testemunhas. A etapa seguinte é a de interrogatórios dos réus e depois começarão os debates orais entre a acusação e a defesa. A decisão da juíza será conhecida após a manifestação do Conselho de Sentença, formado por sete jurados, que julgarão os quesitos formulados pela magistrada.
Nem era o chefe do tráfico da Rocinha até começar a disputa pelo território, em setembro do ano passado, com Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, que, então, ocupava o posto de segurança de Nem. No dia 17 daquele mês, o traficante ordenou a ocupação da Rocinha e houve intenso tiroteio na comunidade. A situação tensa levou à ocupação da região pelas polícias Militar e Civil e pelas Forças Armadas.