Preso no Litoral Norte quinto acusado de participar de ritual com morte de crianças

Paulo Ademir Norbert da Silva, que era considerado foragido, foi capturado ontem na praia de Quintão, no Litoral Norte. Conforme a Polícia Civil, ele é sócio de Jair da Silva, o "Jair dos Porcos", o homem que teria encomendado o ritual para atrair prosperidade.

Foi preso, na noite de ontem (20), mais um suspeito de participar do suposto ritual satanista que teria envolvido o sacrifício de duas crianças em Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre. Paulo Ademir Norbert da Silva, que era considerado foragido, foi capturado ontem na praia de Quintão, no Litoral Norte.

Conforme a Polícia Civil, ele é sócio de Jair da Silva, o “Jair dos Porcos”, o homem que teria encomendado o ritual para atrair prosperidade. Silva é conhecido como “Paulo Dimas”, tem 48 anos, e é suspeito de ajudar a pagar pela oferta a um deus pagão citado na Bíblia. As circunstâncias da prisão não foram informadas pela Polícia Civil.

Dimas é o quinto suspeito a ser preso durante a investigação. Três das quatro prisões haviam ocorrido no dia 27 de dezembro.

Entenda o caso

A morte de duas crianças, ainda não identificadas, teria em uma cerimônia de sacrifício a um deus pagão teria ocorrido em setembro do ano passado, a pedido de dois empresários de Novo Hamburgo. As vítimas eram uma menina de 10 a 12 anos e um menino de 8 a 10, que eram filhos da mesma mãe, mas tinham pais diferentes.

Os empresários Paulo Ademir Norbert da Silva, o “Paulo Dimas” e Jair da Silva, o “Jair dos Porcos”, teriam pago R$ 25 mil à vista para Sílvio Fernandes Rodrigues, autointitulado “mestre e bruxo”. A oferenda ao deus Moloque ocorreria em troca de prosperidade nos negócios que os acusados possuem no ramo imobiliário.

A descoberta da morte das crianças ocorreu em 4 de setembro de 2017 quando parte dos corpos foram encontrados às margens da rua Porto das Tranqueiras, no bairro Lomba Grande, em Novo Hamburgo. Os cadáveres esquartejados estavam em sacos colocadas dentro de caixas de uma marca de sabão em pó de Pernambuco e que não é vendida no Rio Grande do Sul.

Exatamente duas semanas depois, mais partes dos cadáveres foram encontradas às margens da via de chão batido. Desta vez, porém, em uma área ainda mais afastada do que a anterior.

O trabalho da polícia prosseguiu sem muitas pistas até que surgiu a hipótese de que as crianças pudessem ter sido mortas em um ritual satanista. A conclusão surgiu pela forma específica que os corpos foram mutilados. A hipótese de vingança em um crime passional e tráfico de drogas também chegaram a ser cogitadas pela Polícia Civil.

O sacrifício seria uma oferenda ao deus pagão Moloque, representado por uma figura metade homem, metade boi, encontrada dentro do templo de “mestre” Sílvio. Rituais descritos na Bíblia apontam que os amonitas, um povo que ocupou uma área ao leste do Rio Jordão, na atual Jordânia, ofereciam crianças vivas em sacrifício à entidade. Elas eram mutiladas e mortas diante de uma estátua que o representava.

Quem são as vítimas

Perícia feita nos corpos apontou que as crianças foram mortas e esquartejadas. Há suspeita, com base na necropsia, que as vítimas foram decapitadas e tiveram todo o sangue retirado dos corpos. Há indícios, também, de canibalismo, o que reforça ainda mais a tese de ritual macabro.

Os crânios não foram encontrados até agora, quase cinco meses depois que as ossadas foram descobertas. Sem as cabeças, a polícia não consegue reconstruir, digitalmente, a face das vítimas e buscar por crianças desaparecidas que tenham as mesmas características físicas. Uma das hipóteses da investigação é que a mãe das crianças também tenha sido morta.

Buscas no sítio

Na semana passada, a Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros realizaram buscas a ossadas humanas que poderiam estar enterradas no sítio usado nos supostos rituais satanistas em Gravataí. Cães farejadores e até uma retroescavadeira foram usados na procura por outras provas ou vítimas. Não há informações do que foi coletado no local porque a investigação corre em segredo de justiça.

O local, que ficou conhecido como “templo satânico”, fica localizado perto da ERS-020. As buscas começaram após a delegacia conseguir um mandado de busca e apreensão para o terreno do sítio, que é alugado.

Há duas semanas, a esposa do autoproclamado “mestre e bruxo” foi presa. A Polícia Civil, em parceria com a concessionária RGE, identificou o furto de energia junto à rede de distribuição na rua. A mulher acabou sendo liberada após o advogado dela conseguir um habeas corpus junto à Justiça.

Quem são os presos

  • Sílvio Fernandes Rodrigues, líder do templo e, segundo a polícia, quem comandou o ritual satanista;
  • Jair da Silva, sócio de uma empresa que atua no ramo imobiliário e quem teria encomendado o ritual a “mestre” Sílvio;
  • Paulo Ademir Norbert da Silva, sócio de Jair no ramo imobiliário e que teria pago parte da quantia exigida pelo bruxo.
  • Andrei Jorge da Silva, um dos filhos de Jair, que teria participado do ritual;
  • Márcio Miranda Brustolin, também teria participado do ritual.

Quem são os foragidos, segundo a polícia

  • Jorge Adrian Alves, um argentino que teria trocado um caminhão roubado no país vizinho pelas crianças que seriam sacrificadas;
  • Anderson da Silva, outro filho de Jair e que, também, teria participado do ritual