O presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Marco Lucchesi, avaliou como uma “grande alegria” a eleição do cineasta Carlos Diegues, o Cacá Diegues, para a cadeira 7 da instituição, que ficou vaga depois da morte do também cineasta Nelson Pereira dos Santos em abril deste ano.
“As virtudes do Cacá Diegues coincidem com o sucesso de bilheteria, com o reconhecimento da crítica e um grande escritor, porque Cacá Diegues é também um grande escritor na qualidade dos seus próprios roteiros. Representa, de uma certa forma, uma saudação circunstancial à saudade do nosso querido Nelson Pereira dos Santos”, disse Lucchesi
Lucchesi citou o mais recente filme de Diegues, O Grande Circo Místico, que resgata a obra de Jorge de Lima, um dos maiores poetas brasileiros, e comemorou: “É com enorme felicidade que recebemos esse grande nome, um dos maiores cineastas vivos da nossa cultura”.
Felicidade
“Feliz e alegre”, assim o novo imortal Cacá Diegues disse estar se sentindo após saber que tinha vencido a eleição para a vaga de Nelson Pereira de Santos, a quem considera seu mestre.
“Nelson Pereira foi para mim não só um amigo, mas um mestre. Tudo que eu aprendi sobre cinema brasileiro aprendi com Nelson. Portanto, para mim, substituir o Nelson, na cadeira que foi dele, é uma graça, um presente”, disse em entrevista à Agência Brasil e à Rádio Nacional do Rio de Janeiro.
Para Diegues, sua entrada na ABL confirma que a instituição não é apenas de escritores, mas é uma academia de artes também: “A academia tem que ser o centro cultural contemporâneo do Brasil, para discutir a cultura brasileira contemporânea, para adotar direções contemporâneas”.
Vitória do cinema
Para o cineasta Zelito Viana, a eleição de Cacá Diegues é uma vitória do cinema brasileiro. “Acho que é o reconhecimento da academia da importância do cinema. A gente batalhou tanto a vida toda para isso. É uma vitória. Eu estou me sentindo como se tivesse ganho a Copa do Mundo”.
O ator Antônio Pitanga lembrou que foi Cacá Diegues quem o trouxe da Bahia, quando tinha 19 anos, para estrelar o filme Ganga Zumba, de 1964, sobre a vida do primeiro líder do Quilombo dos Palmares. Ele disse que assistiu à eleição de Diegues para a ABL “com toda a emoção”: “Cacá é essa pessoa generosa, com a visão poética, que traduz através dos seus escritos, seus artigos, através das suas imagens”.
Antônio Pitanga disse que mesmo nos momentos mais difíceis do país, Cacá Diegues esteve sempre no front da cultura, da literatura, escrevendo e fazendo filmes. “Cacá chega na ABL merecidamente, assumindo a cadeira que foi do Nelson Pereira dos Santos que, onde quer que esteja, está avalizando essa entrada de Cacá na Academia Brasileira de Letras”.
Veja aqui a galeria de fotos da Agência Brasil da eleição de Cacá Diegues