O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) recuou 0,4 ponto em agosto, ao passar de 84,2 para 83,8 pontos. As informações sobre a pesquisa foram divulgadas hoje (24), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre FGV). Elas indicam que, em relação ao mesmo período do ano anterior, houve alta de 2,4 pontos.
Os dados constatam piora das avaliações sobre a situação atual e melhora das expectativas em relação aos meses seguintes, mas foi a satisfação com a situação financeira familiar que mais contribuiu para a queda do indicador.
O Índice de Situação Atual (ISA), por exemplo, caiu 2,7 pontos, indo para 71,4, devolvendo a alta do mês anterior, enquanto o Índice de Expectativas (IE) avançou 1,1 ponto em relação a julho, somando 93 pontos, o segundo aumento consecutivo.
Já o indicador que mede a satisfação dos consumidores com a situação atual da economia variou 0,5 ponto entre julho e agosto. Foi para 78,6 pontos. Apesar disso, o índice se mantém abaixo do nível anterior à greve dos caminhoneiros.
E o Indicador de satisfação com a situação financeira familiar recuo 5,9 pontos, ficando em 64,8 pontos, o menor patamar desde agosto de 2017, sendo o que mais contribuiu para a queda do ICC em agosto.
Para a coordenadora da Sondagem do Consumidor da FGV, Viviane Seda Bittencourt, os consumidores continuam mantendo uma postura conservadora diante da crise e das incertezas da economia.
“Diante da lenta recuperação do mercado de trabalho, do alto nível de incerteza, do risco de aceleração da inflação e das dificuldades de se alcançar o equilíbrio orçamentário familiar, os consumidores mantêm uma postura conservadora e cautelosa quanto aos gastos discricionários”, explicou.
Ainda em agosto, a FGV apurou que o indicador que mede o otimismo com relação à situação econômica nos seis meses seguintes subiu 1,1 ponto no último mês, para 103,4 pontos, interrompendo a tendência de queda dos quatro meses anteriores.
Também as expectativas sobre a situação financeira das famílias melhoraram pelo segundo mês seguido. O indicador subiu 3,2 pontos para 95,4 pontos, o maior nível desde abril (96,4).
Em contrapartida, o indicador que mede a intenção de compras de bens duráveis recuou 0,9 ponto, para 81,2 pontos em agosto, menor nível desde outubro de 2017.
Desânimo afetará consumo
A avaliação da economista da FGV é de que o cenário se manterá ao longo do segundo semestre do ano ainda em razão dos problemas enfrentados pela economia brasileira. “Esse desânimo terá um efeito redutor sobre o consumo das famílias ao longo do segundo semestre”, disse.
A pesquisa revela que em agosto houve perda de confiança em todas as classes de renda, exceto para os consumidores de renda familiar entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800,00, cujo índice avançou pelo segundo mês consecutivo, com crescimento acumulado de 1,6 ponto.
Este resultado, no entanto, “ainda não foi o suficiente para compensar as perdas de junho de 2018”.
Para as famílias de renda menor que R$ 2.100,00, a confiança diminuiu 1,2 ponto entre julho e agosto, a maior variação negativa entre as classes de renda analisadas.
A edição da pesquisa coletou informações de 1.933 domicílios entre os dias 1 e 21 de agosto.