A Embrapa está criando um novo tipo de tomate, rico em vitamina A e que terá a cor alaranjada. O tomate alaranjado da Embrapa vai entrar em teste de cultivo. Os ensaios ocorrerão no campo, em seis estados (BA, CE, DF, ES, RS e SP), e servirão para observar em condições diferentes o desenvolvimento do fruto, qualidade e produtividade, até se chegar ao híbrido que poderá gerar sementes para a produção em escala e comercialização em até três anos.
Não se trata de um produto modificado com transgênia, mas de um experimento feito a partir de sementes híbridas colhidas e catalogadas em uma “biblioteca gênica” da Embrapa, com acervo de 1.800 variedades de tomates guardadas, conforme explica Leonardo Boiteux, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças da empresa.
O novo tomate em pesquisa segue o caminho de outros frutos desenvolvidos pela Embrapa que já têm as sementes disponíveis para os agricultores ou já são plantados há mais tempo, e estão à venda nos supermercados – como são os casos, respectivamente, dos tomates enriquecidos BRS Zamir e BRS Nagai.
Radicais livres
Estudos técnicos do tomate BRS Zamir, do tipo grape em formato parecido com um bago de uva, tem alto teor de licopeno – uma substância de pigmentação vermelha que favorece a captura dos radicais livres, “subproduto do metabolismo que acaba danificando o nosso próprio DNA, e outras estruturas celulares” e ajuda na prevenção de doenças de “estresse oxidativo”, como assinala Leonardo Boiteux em referência a infecções, alguns tipos de câncer, diabetes, problemas reumatológicas e neurodegenerativos.
A pesquisa com o BRS Zamir permitiu a produção do tomate alaranjado. “Se nós temos esse alto teor de licopeno, a gente pode dar um passo a frente na via metabólica e produzir um tomatinho com betacaroteno, precursor da vitamina A e disponível em cenoura e na abóbora”.
O BRS Zamir foi precedido pelo BRS Nagai, um fruto de tamanho maior, de formato cilíndrico, e que além de poder ser consumido cru na salada serve para a produção de molho, pois a poupa é mais nutritiva que outros tipos com acúmulo de água.
Os tomates desenvolvidos pela Embrapa chegam ao mercado por meio de uma parceria público-privada com a empresa Agrocinco Comércio de Produtos Agropecuários, do município de Monte Mor, próximo a Campinas no interior de São Paulo.
Os contratos são regidos pela Lei nº 10.973, de 02/12/2004 e pelo Decreto nº 5.563, de 11/10/2005, e asseguram a patente da Embrapa que recebe royalties de 5% dos recursos obtidos na comercialização. Pelo contrato, a empresa que comercializa as semetes financia parte da pesquisa e é responsável pela difusão da tecnologia e assistência aos produtores.
Conforme os indicadores do IBGE (Levantamento Sistemático da Produção Agrícola – Estatística da Produção Agrícola), este ano o Brasil deverá produzir 4,5 milhões de toneladas de tomate, 3,5% acima da produção do ano passado em uma área cultivada de 66 191 hectares, 2,4% menor do que em 2017.