Cotidiano

Justiça solta 12 detidos por suspeita de maus-tratos em clínica de Sapiranga

Prisões ocorreram durante ação do Ministério Público realizada na tarde de ontem na Associação Terapêutica Ferrabraz

Foram soltos, a pedido da Justiça de Sapiranga, todos os detidos na operação que investiga supostos abusos a dependentes químicos em uma clínica da cidade, que fica no Vale do Sinos. Ontem, foram encontradas várias irregularidades nas três casas ocupadas pela Associação, como falta de atendimento médico e psicológico, péssimas condições de higiene, medicamentos vencidos e sem receitas, segundo o MP (Ministério Público).

As prisões de dois coordenadores e dez funcionários ocorreram ontem (30) sob suspeita, por parte da investigação, de sequestro, cárcere privado, tortura e formação de milícia. O pedido de liberdade coletivo foi determinado na tarde desta terça-feira (31).

Os detidos estão em liberdade provisória após ficarem quase 24 horas em delegacias de Novo Hamburgo, São Leopoldo, já que não haviam vagas no sistema prisional gaúcho. As mulheres presas foram encaminhadas ao presídio feminino Madre Pelletier, em Porto Alegre, que não possui superlotação. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados.

Os promotores Michael Flach e Sérgio Cunha de Aguiar ainda aguardam a intimação da Justiça para decidirem se vão recorrer da decisão do magistrado local.

O motivo da operação

Conforme o MP, uma denúncia culminou na operação na tarde de ontem. Ao chegarem nas casas da clínica Ferrabraz, mais de 50 pacientes que estavam internados relataram que vivem sob cárcere privado. Alguns disseram, em depoimento, que teriam sido torturados, até com uso de choques elétricos.

Dois dos pacientes foram recolhidos para atendimento médico pela equipe de saúde do município de Sapiranga: um com problemas psiquiátricos e outro acamado, desnutrido e com escaras. O município de Sapiranga providenciou abrigo para os demais pacientes em outros estabelecimentos de recuperação de dependentes químicos.

Há suspeita que um paciente que tinha lesões recentes tenha sido removido da clínica para não ser visto pelos agentes durante a busca de ontem. Também foi constatado que alguns pacientes tinham fraturas.

A Polícia Civil abriu investigação para apurar o caso.