Serão necessários pelo menos 30 dias para saber o que causou a explosão na madrugada desta segunda-feira (19) em São Cristóvão, zona norte do Rio de Janeiro. Segundo informações da 17ª Delegacia Policial, responsável pela investigação, é preciso aguardar o laudo dos bombeiros e do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli), da Polícia Civil, para determinar o que aconteceu. Até o momento, 13 pessoas foram ouvidas, entre elas, quatro vítimas e dois proprietários da Pizzaria Dell’ Arco. Um vazamento em uma estocagem irregular de gás está sendo investigada.
De acordo com a Defesa Civil municipal, 54 imóveis foram interditados, após vistoria dos técnicos do órgão. Desse total, 13 estão interditados por risco estrutural e 41 apresentam desprendimento de forros de gesso e outros materiais.
A Coordenadoria de Operações Especiais da Secretaria Municipal de Conservação e a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) já retiraram 231 toneladas de escombros do entorno da explosão. O material foi removido após a área ser liberada pelo Corpo de Bombeiros.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, sete feridos foram levados para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro, mas nenhum em estado grave. Todos foram liberados ao longo do dia. Além disso, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social cadastrou, numa tenda montada no local da explosão, 41 moradores que tiveram imóveis afetados. Somente uma pessoa aceitou acolhimento na rede de proteção do município. Os demais moradores optaram por se alojar momentaneamente na casa de amigos e parentes.
A Defesa Civil informou que só vai liberar os imóveis para entrada de moradores e funcionários dos estabelecimentos comerciais após os riscos serem eliminados e uma nova vistoria ser feita no local.
O morador de uma casa que desabou, Juraci Leal dos Santos, disse que perdeu todos os os documentos que ficaram sob os escombros porque só conseguiu sair do local com a roupa do corpo.
“Na hora da explosão, eu estava dormindo na parte debaixo de um beliche, na parte de cima não tinha ninguém. Por isso eu me protegi. As coisas caíram na parte de cima [do beliche]. Eu acordei com um barulho enorme e o teto caindo. Eu fiquei sem entender o que estava acontecendo. A minha primeira reação foi sair da casa, com a roupa que estava no corpo mesmo, sem levar nada.”
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
César Cabral, filho do dono de uma loja de material esportivo, disse que não sabe o que vai fazer, pois o que restou da loja foi demolida. A loja do pai estava há mais de 60 anos na região. “A loja já foi demolida. Agora eu quero ver se consigo recuperar alguns documentos, que ficaram no meio dos escombros. O estoque da loja foi todo perdido com a explosão.”
A explosão foi tão forte que muitos apartamentos dos prédios vizinhos foram atingidos e tiveram janelas e portas arrancadas com o deslocamento do ar. A moradora do apartamento 503 de um edifício próximo ao local, Maria das Neves Barreto, disse que quatro janelas de sua casa despencaram. “Todos os vidros das janelas caíram. A janela da sala ficou inclinada. Uma porta saiu inteira do lugar só com a força do ar. As janelas do banheiro voaram longe, caíram para fora do prédio, ninguém sabe onde está, caiu tudo”, disse.
Cotidiano