Na Câmara, estudantes reclamam de dificuldade de acesso ao Fies

As mudanças em regras no Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) e as dificuldades para renovar e firmar novos contratos foram discutidas nesta quarta-feira por representantes do governo, de estudantes, dirigentes de instituições de ensino superior privado e parlamentares em Comissão Geral da Câmara dos Deputados.
A presidente da Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares), Amábile Pacios, disse que as mudanças no Fies foram feitas sem discussão com as instituições. Pacios ressaltou que o clima entre os estudantes é de insegurança sobre os rumos do programa. “Os estudantes não conseguem fazer o aditamento, estão inseguros, não conseguem fazer nada. Temos estudantes de medicina que mudaram de cidade, estão tendo uma despesa enorme e não conseguem se inscrever no Fies”, relatou.
Amábile criticou o teto de 6,4% para o reajuste das mensalidades e o repasse de recursos para as instituições que esse ano será feito em oito e não 12 parcelas. “Temos 12 contas de luz para pagar e vamos receber apenas 8 parcelas”, reclamou.
Sobre o assunto, o ministro interino disse que uma comissão foi instalada para discutir os reajustes nas mensalidades. “Aumentos abusivos ninguém irá aceitar”.

O ministro da Educação interino, Luiz Cláudio Costa, participou de Comissão Geral na Câmara dos Deputados, que debate o Fies. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O ministro da Educação interino, Luiz Cláudio Costa, participou de Comissão Geral na Câmara dos Deputados, que debate o Fies. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A vice-presidenta da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), Elizabeth Guedes, comentou a exigência do estudante obter 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para contratar o Fies. Segundo ela, com a regra os estudantes de baixa renda serão excluídos do acesso ao ensino superior. “A nota de 450 pontos representa exclusão. Estamos tirando do sistema alguém que o sistema já excluiu, que foi para a escola pública”, avaliou.
A nota mínima para contratação do Fies foi defendida pela representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), Nara Teixeira de Souza, como critério de qualidade. “Concordamos com as medidas tomadas pelo ministério e que seja colocado um limite em relação ao número de corte. A educação no Brasil tem que ser de qualidade”, disse.
O representante do grupo educacional Unopar, André Fernandes Trindade, destacou que as instituições privadas enfrentam problemas em razão das mudanças no fundo de financiamento.“Nosso aluno não consegue acessar o sistema, temos travas que impedem, as instituições não estão conseguindo garantir sua gestão porque não sabem quanto vão receber do Ministério da Educação e se aquele aluno vai conseguir continuar em sala”, relatou.