Operação da PF mira ex-ministro de Temer e apura fraude em créditos da Caixa

Estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e comerciais no Distrito Federal, Bahia, Paraná e São Paulo, disse a PF em nota.

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (13) uma operação para investigar suspeita de fraude na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal para empresas entre 2011 e 2013, tendo entre os alvos o ex-vice-presidente de Pessoa Jurídica do banco e ex-ministro Geddel Vieira Lima. Estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e comerciais no Distrito Federal, Bahia, Paraná e São Paulo, disse a PF em nota.

De acordo com a polícia, o esquema envolveria ex-executivos da Caixa, como o então vice-presidente de Pessoa Jurídica, além de dirigentes de empresas dos ramos de frigoríficos, de concessionárias de administração de rodovias e de empreendimentos imobiliários, e também um operador do mercado financeiro. Uma fonte com conhecimento da operação afirmou que o ex-vice-presidente de Pessoa Jurídica investigado é o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima, que deixou o governo do presidente Michel Temer em novembro de 2015.

De acordo com a fonte, que falo na condição de anonimato, o esquema envolvia a liberação de recursos da Caixa para as companhias por meio de direcionamento político, com participação do então presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em troca de pagamento de propina. Cunha está atualmente preso no âmbito da operação Lava Jato. A PF não identificou as empresas investigadas.

A chamada operação “Cui Bono?” –referência a uma expressão latina que significa “A quem beneficia?”, de acordo com a PF– é um desdobramento da operação Catilinárias, realizada em dezembro de 2015, que incluiu busca e apreensão na casa de Cunha, à época presidente da Câmara.

Segundo a PF, foi extraída uma intensa troca de mensagens entre o ex-presidente da Câmara e o então vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa em um telefone celular apreendido na residência, que indicava possível obtenção de vantagens indevidas pelos investigados em troca da liberação para grandes empresas de créditos junto à Caixa.

Inicialmente o caso tramitava no Supremo Tribunal Federal (STF) em razão de se tratar de investigação contra pessoas com foro privilegiado, mas, em virtude dos afastamentos dos investigados dos cargos e funções públicas que exerciam, o STF decidiu encaminhar o inquérito à Justiça Federal do DF, que autorizou a operação desta sexta, de acordo com a PF.

Advogados de Geddel não estavam disponíveis de imediato para comentar. Não foi possível contatar representantes de Cunha imediatamente. Procurada pela Reuters, a Caixa não tinha um posicionamento de imediato sobre a operação da PF.