Câmara aprova renegociação e RS pode ficar três anos sem pagar dívida

Projeto passa após tentativas de obstrução e pedidos para abandonar a votação do próprio governo; proposta passa com 296 votos a favor

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (20) o projeto de lei que trata da renegociação das dívidas dos estados com a União. O Rio Grande do Sul foi beneficiado por uma emenda que prevê a suspensão do pagamento por três anos.

O governo do Estado projeta que a economia agora chegue a R$ 8,7 bilhões nos próximos 36 meses. O governador José Ivo Sartori foi até Brasília para acompanhar a votação. Para entrar em vigor, ainda é preciso que Temer sancione as novas regras, o que não deverá ocorrer porque a Fazenda não aceita os atuais termos.

A renegociação prevê o alongamento dos valores devidos por mais 20 anos. Votaram favoravelmente 296 deputados e 12 contrários. O texto segue, agora, para sanção presidencial.

Depois de várias rodadas de negociações entre líderes partidários e governadores de estados endividados, como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, os deputados concordaram em aprovar a propostas rejeitando parte das mudanças feitas no Senado, ou seja sem contrapartidas. As mudanças aprovadas pela Câmara contrariam o entendimento da área econômica do governo, que considera essencial medidas de corte de gastos e ajuste fiscal pelos estados.

Sem contrapartidas

Em acordo firmado na manhã de hoje (20), ficou decidido que o relator da proposta, deputado Esperidião Amin (PP-SC), retiraria do texto a maioria dos dispositivos incluídos que previam contrapartidas para os estados que assinassem a renegociação das dívidas.

Entre as medidas que foram retiradas do projeto estavam o aumento da contribuição previdenciária dos servidores, suspensão de aumentos salariais e de realização de concursos públicos, privatização de empresas e a redução de incentivos tributários;

A aprovação da renegociação das dívidas ocorreu apesar da obstrução de partidos de oposição, como Rede e PSOL, contrários a impor uma moratória aos estados com problemas financeiros. Durante todo o processo de discussão, o PT tentou obstruir a votação. Ao final, no entanto, o partido votou favoravelmente à proposta.

Novo prazo

Pelo entendimento dos líderes da base aliada e do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), as contrapartidas e condicionantes às leis estaduais deverão ser analisadas e votadas pelas assembleias legislativas.

Segundo o texto aprovado, o novo prazo para pagamento da dívida dos estados com a União será de até 360 meses, contado a partir da data de celebração do contratual original. Com a renegociação, que também reduz o valor da parcela mensal a ser pagas pelos estados à União, os governadores se comprometem a desistir de eventuais ações judiciais que tenham por objeto a dívida.