Ex-governador do RJ Anthony Garotinho é preso em investigação sobre crime eleitoral

O político exerce atualmente o cargo titular na Secretaria de Governo do município de Campos dos Goytacazes (RJ).

A Polícia Federal prendeu provisoriamente o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PR), na manhã desta quarta-feira (16). O político exerce atualmente o cargo titular na Secretaria de Governo do município de Campos dos Goytacazes (RJ).

Garotinho foi abordado por volta das 9h50 no apartamento da filha de uma funcionária da família, localizado no Flamengo, bairro da capital fluminense e levado para a Superintendência da PF do Rio. De acordo com a PF, foi também cumprido um mandado de busca e apreensão no apartamento onde o ex-governador foi encontrado. Ele será encaminhado, durante a tarde, para a superintendência de Campos de Goytacazes, sede da investigação.

O mandado para a preventiva foi emitido pelo juiz Glaucenir Silva de Oliveira, que não tem prazo para terminar. A prisão foi ordenada no âmbito da “Operação Chequinho”, que investiga crimes eleitorais. Na mesma decisão, Oliveira aceitou uma denúncia contra Garotinho, que responderá na Justiça por crimes eleitorais.

Segundo Oliveira, Garotinho “associou-se a diversos outros personagens, alguns já denunciados, incluindo vereadores e outros agentes públicos deste município, de forma estável e permanente” com a intenção de “praticarem milhares de vezes” o crime de compra de votos. Com foco principalmente em eleitores de baixa renda, diz o juiz, teria ajudado a eleger 11 vereadores ligados a ele.

Para o juiz, está claro que Garotinho comandava um esquema eleitoral “com mão de ferro” que agia no cadastramento de famílias do programa social Cheque Cidadão, “o que em hipótese alguma deveria ter fim político eleitoreiro”.

“Estes e vários outros elementos probatórios constantes dos autos do inquérito policial, demonstram com clareza que o réu efetivamente não só está envolvido mas comanda com “mão de ferro” um verdadeiro esquema de corrupção eleitoral neste município, através de um programa assistencialista eleitoreiro e que tornou-se ilícito diante da desvirtuação de sua finalidade precípua, passando a ser implementado e manutenido sem a observância dos procedimentos previstos no próprio programa, principalmente passando por cima dos profissionais de assistência social habilitados para o cadastramento e estudos técnicos sociais a fim de possibilitar a inclusão de milhares de famílias no recebimento dos cartões de Cheque Cidadão, o que em hipótese alguma deveria ter fim político eleitoreiro”, escreveu Oliveira na decisão.

O outro lado

A defesa de Anthony Garotinho afirmou por meio de nota que a prisão do ex-governador “vem na sequência de uma série de prisões ilegais decretadas por aquele juízo e suspensas por decisões liminares do Tribunal Superior Eleitoral”.

“Estas denúncias de abuso foram dirigidas à Corregedoria da Polícia Federal e ao juiz, que nenhuma providência tomou. Pessoas presas mudaram vários depoimentos após ameaças do delegado. No entanto, o TSE já deferiu quatro liminares por prisões ilegais. A Justiça certamente não permitirá que este ato de exceção se mantenha contra Garotinho”, escreveu o criminalista Fernando Augusto Fernandes.

A defesa informou entrará com pedido de habeas corpus ainda nesta quarta-feira.