
A Polícia Civil concluiu o relatório parcial da primeira fase da Operação Namastê, deflagrada em dezembro de 2024, e indiciou três líderes de uma comunidade alternativa suspeita de crimes como tortura, estelionato, abuso sexual mediante fraude e exploração econômica. O grupo, liderado por um homem e dois filhos, mantinha uma sede entre Porto Alegre e Viamão.
De acordo com a 1ª Delegacia de Polícia de Viamão, as investigações começaram após denúncias de ex-integrantes da comunidade. Os relatos indicam que os adeptos eram submetidos a tortura psicológica, humilhações públicas, isolamento social, manipulação espiritual e abusos físicos e financeiros, todos disfarçados como terapias alternativas e rituais de cura.
Crimes e manipulação
Conforme a delegada Jeiselaure de Souza, responsável pelo inquérito, os líderes prometiam prosperidade e cura espiritual em troca de valores altos. As imersões custavam até R$ 12 mil. Os participantes também eram pressionados a fazer empréstimos, entregando os valores ao grupo. Estima-se que ao menos R$ 20 milhões tenham sido desviados para uso pessoal do líder, incluindo viagens e apostas on-line.
O grupo também é acusado de manter vítimas em situação análoga à escravidão, impor rotinas de trabalho forçado e expor menores a situações de constrangimento e práticas inadequadas. Entre os métodos utilizados estavam a “cura gay”, ozonioterapia retal e atividades pseudoespirituais classificadas como tortura ou charlatanismo.
Indiciamentos
Os três líderes foram formalmente indiciados por 13 crimes, incluindo:
- Associação criminosa;
- Tortura psicológica;
- Estelionato;
- Redução à condição análoga à de escravo;
- Charlatanismo;
- Curandeirismo;
- Violência sexual mediante fraude;
- Crime contra a economia popular;
- Discriminação por orientação sexual;
- Injúria racial;
- Falsificação de produto terapêutico;
- Exposição de crianças a constrangimento;
- Uso indevido da fé para fins ilícitos.
Além das práticas ilegais, a investigação apurou que o grupo utilizava parte dos recursos para aquisição de imóveis e manutenção de empresas ligadas aos investigados. A antiga sede na Cidade Baixa, em Porto Alegre, onde eram vendidos pães e outros produtos, foi desativada durante a apuração.
A Polícia Civil informou que os desdobramentos da investigação seguirão com a 1ª DP de Viamão e reforçou o compromisso com a proteção de vítimas em contextos de vulnerabilidade espiritual, emocional e financeira.
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