ESPORTE AO LIMITE

"GOAT" explora os perigos da idolatria e da busca pela excelência a qualquer custo

Filme questiona o que você estaria disposto a sacrificar para estar no panteão de "melhor dos melhores"?

Crédito: Universal Pictures
Crédito: Universal Pictures
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Olá, meus amantes da sétima arte! Como estão? Gente, essa conversa hoje vai ser um pouco complexa – eu acho. O filme da vez é “GOAT” (Universal Pictures, 2025). Saí da sessão com o sentimento de “que filme foi esse?” Mas não sei definir se isso é bom, ou não.

A começar pelo título. Para quem não está familiarizado, causa um pouco de estranheza. Só para trazer um pouco de luz, a expressão “GOAT” seria uma abreviação de “Greatest Of All Time”, traduzindo “O Maior de Todos os Tempos”. Uma sigla para identificar pessoas que são excepcionais e até mesmo lendários. No caso do longa, um atleta. Curioso também é que a tradução de “goat” é “cabra”, o que faz sentido também com o filme.

Devidamente familiarizados, vamos falar sobre “GOAT”. Um filme brutal, literalmente. Ele se constrói aos poucos. Até que somos pegos de surpresa, bem como um dos personagens principais da trama. É intrigante como o filme nos leva a questionar até que ponto as pessoas se deixam levar pela sua paixão. Particularmente, por não ser muito dos esportes, o longa não me pega por esse aspecto. Não consigo entender essa paixão, essa idolatria por um time – ou nesse caso, um jogador.

Mas não se preocupe, mesmo se você – como eu – não entende nada de futebol americano, fica tranquilo isso não vai ser um problema. De início vamos conhecer Isaiah White, interpretado por Marlon Wayans – conhecido pelos papéis de comédia, como em “As Branquelas” (2004), em um personagem mais dramático. Ele se tornou um quarterback lendário, um GOAT. Também somos apresentados ao Cameron Cade (Tyriq Withers), que desde criança admira o Isaiah e quer ser ele quando crescer.

Vale tudo

Logo nos minutos iniciais nos conseguimos perceber toda essa energia, essa idolatria por assim dizer, ao futebol americano. Ao ponto de o pequeno Cade crescer com esse intuito de se tornar o próximo Isaiah: um lendário quarterback, um GOAT. E, de fato, ele cresce e se desenvolve para isso. Ainda jovem, conquista títulos importantes e, ao que tudo indica, realmente vai atingir seu objetivo.

Até que ele se vê numa situação difícil. Um acidente gravíssimo pode causar a aposentadoria precoce desse jovem. Várias dúvidas surgem. Desistir do sonho e cuidar da saúde, ou arriscar e ir até o final, custe o que custar? No meio desse turbilhão de emoções, surge a oportunidade de ter a mentoria de seu ídolo por alguns dias. Mas fica o questionamento: qual o preço a se pagar pela conquista dos seus sonhos?

Como mencionei no início, eu não tenho essa paixão pelos esportes. Até mesmo por diva pop, acredito que não iria a um extremo como o filme relata. E isso me fez levantar algumas questões internas. Do quanto as pessoas se deixam cegar por um objetivo. Ao que estão dispostas a pagar, seja no sentido figurado ou literal. E esse filme é muito visceral. Mas em alguns pontos, de uma forma gratuita. Ok, nós somos pegos de surpresa junto com o Cade. Mas, depois, parece que as coisas vão escalonando sem sentido.

O filme se constrói com uma divisão de capítulos. No começo você até compreende e consegue acompanhar. Mas, e depois? Aonde ele quer chegar? Entendi que a idolatria das pessoas chega ao ponto de cegá-las a fazer o que for preciso. Mas o que eu faço com essa informação?

Qual é a mensagem aqui?

Ele quer ser um longa de terror com uma temática de futebol americano, ou só vai simplesmente fazer uso de pautas preocupantes que envolvem o esporte de uma forma banal? Já não é de hoje que se falam dos perigos que esse esporte gera ao longo da vida dos atletas. Mas o filme que usar disso como um alerta ou trazer uma mística de uma “seita da NFL”?

“Conquiste seus sonhos a qualquer preço!” É uma realidade que, definitivamente, está longe de mim. Não consigo ver as outras pessoas com total indiferença, como se fossem meras peças de um grande “Jogo da Vida”. Que você lança os dados, anda as casas e se preciso for… passe por cima, sem humanidade alguma. Eu não sei ainda como definir como foi essa experiência. Assistiria novamente? Não sei. Indico? Isso é uma resposta bem delicada.

Esse filme me deixou com um sensação amarga, se é que posso dizer assim. Não detestei quanto a maioria das pessoas com quem conversei. Talvez por ter visto com uma outra perspectiva? Mas também não é um filme que eu amei. A “Longa Marcha”, por exemplo, é um filme brutal, mas de uma forma que nos faz refletir. Ele traz a dureza de uma situação, e continua sua narrativa. É como se ele dissesse “opa você se machucou aqui, mas vamos lá, tem mais história pra acompanhar”. E nesse “não” é como se você tomasse uma pancada e o filme ficasse te encarando. Sem ir a lugar algum.

Não sei bem como encerrar hoje, meus queridos. Mas esse filme me deixou assim, reflexivo – não de uma forma positiva. Um abraço e até nosso próximo encontro. Thi.