A FIERGS (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul) avaliou que o Plano de Contingência do governo federal para enfrentar as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos ajuda a dar fôlego às empresas afetadas. No entanto, as medidas anunciadas nesta quarta-feira (13) são insuficientes para garantir a sustentabilidade dos negócios e preservar empregos.
A entidade destacou a ausência de medidas trabalhistas concretas no pacote, considerando preocupante o risco para milhares de postos de trabalho no Estado. A MP (Medida Provisória) assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva prevê R$ 30 bilhões em crédito, reativação do Reintegra, prorrogação do Drawback e outras ações defendidas pela federação desde o início do conflito comercial.
O presidente do Sistema FIERGS, Claudio Bier, afirmou que as medidas não restabelecem a competitividade para entrada no mercado norte-americano. “As medidas são paliativas. Ainda precisamos de um plano para preservar empregos. O governo deve manter o foco na negociação diplomática para reduzir as tarifas”, disse.
Na avaliação da FIERGS, a linha de crédito de R$ 30 bilhões é positiva, mas preocupa a exigência de manutenção de empregos sem que haja medidas concretas para garantir essa preservação.
Já a ampliação do Reintegra pode dar fôlego às micro e pequenas indústrias. A prorrogação do prazo do regime Drawback por mais um ano atende às expectativas do setor.
Quanto aos fundos garantidores de exportações, a federação considera a medida importante, embora ressalte novamente a exigência de manutenção de empregos como um ponto sensível.
Em relação às compras governamentais, a análise aponta que a medida é “restrita e carece de clareza quanto à aplicação”. O adiamento da cobrança de tributos federais para empresas mais afetadas pelo tarifaço é considerado “um passo relevante”.
Impactos no Rio Grande do Sul
Conforme a Unidade de Estudos Econômicos do Sistema FIERGS, 85% das exportações gaúchas para os EUA serão taxadas. O setor de armas de fogo é o mais dependente, destinando 85,9% da produção ao mercado norte-americano.
Ainda de acordo com a Federação, o ramo de calçados de couro, que envia 47,5% da produção para os Estados Unidos, concentra o maior contingente de trabalhadores afetados, com 31,5 mil empregados.