Lideranças de quatro setores da economia do RS, expostos ao mercado estadunidense, já relatam impactos sentidos mesmo antes da entrada em vigor das tarifas às exportações brasileiras anunciadas por Donald Trump. São eles: armas e munições; madeira e móveis; pescados e calçados.
Conforme os representantes, a expectativa negativa gerada pelas medidas, com início previsto para 1º de agosto, tem levado a cancelamentos de encomendas, suspensão de contratos e paralisação de compras.
“Existem empresas no Estado que exportam praticamente 100% da sua produção para os Estados Unidos. Comunidades inteiras estão sob risco. E esse impacto não será sentido apenas aqui: há também consequências diretas sobre cadeias produtivas e empregos nos próprios Estados Unidos. Por isso, nosso apelo é para que se avalie a postergação da entrada em vigor dessas tarifas, o que permitiria tempo para negociação, minimizando danos para os dois países”, afirmou o governador Eduardo Leite.
Reunião com os setores
A fala do governador ocorreu uma reunião, nesta sexta-feira (18), com representantes da indústria gaúcha, da diplomacia norte-americana e de entidades empresariais, no Palácio Piratini. Esteve presente no encontro o cônsul-geral dos EUA em Porto Alegre, Jason Green.
O objetivo da reunião é reunir subsídios e articular estratégias diante do anúncio das tarifas de 50% anunciadas pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros.
Impactos para a economia gaúcha
Segundo levantamento da Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul), o RS é o segundo estado brasileiro mais impactado pelas medidas. Estima-se que o Estado possa ter uma perda de R$ 1,92 bilhão no PIB.
Além disso, o mercado americano é o maior parceiro comercial da indústria de transformação gaúcha, respondendo por 11,2% das exportações do setor em 2024, o equivalente a US$ 1,8 bilhão. Em segmentos como o de armas e munições, a dependência é ainda maior: 85,9% das exportações têm como destino os EUA.
Pedido de apoio ao Governo Federal
O governador também defendeu que o governo federal avalie a adoção de medidas de apoio emergencial aos setores mais atingidos, caso não haja revisão das tarifas. No encontro, representantes da Fiergs falaram da necessidade de uma atuação diplomática firme, mas serena, por parte do governo brasileiro.
“É um momento de muito diálogo, não podemos de maneira nenhuma acirrar ainda mais essa situação. A Fiergs está muito preocupada com essa situação. Já tivemos reuniões com as federações do Sul e com a Confederação Nacional da Indústria, e na segunda-feira teremos uma reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin, em Brasília. Não podemos deixar passar nenhuma tentativa de acordo, porque é fundamental para que venhamos a conseguir um resultado melhor para nossas indústrias”, destacou o presidente da entidade, Cláudio Bier.