BOLETIM

Mortalidade materna é maior entre mulheres negras, indígenas e migrantes no RS

Dados estão em boletim divulgado nesta terça-feira (8) pelo governo estadual, através da Secretaria Estadual da Saúde

Foto: divulgação / Fiocruz
Foto: divulgação / Fiocruz

Mulheres negras, indígenas e migrantes estão, proporcionalmente, entre as que mais sofrem mortalidade materna no Rio Grande do Sul. O governo do Estado disponibilizou, por meio do site da SES (Secretaria da Saúde), a edição de 2025 do Boletim Epidemiológico do Estado do Rio Grande do Sul.

O informativo aborda os dados de mortalidade materna, infantil e fetal em 2023. A edição também traz informações sobre os dados preliminares de 2024.

Conforme o estudo, em números absolutos, ocorrem mais mortes entre mulheres brancas, embora a RMM (Razão de Mortalidade Materna) seja de 30,75 a cada 100 mil nascidos vivos. Isso não se mantém quando é feita a estratificação do índice.

Mulheres negras

No caso das mulheres negras (soma de pretas e pardas), entre 2013 e 2023, o registro aponta uma média de 58,78, sempre acima da razão estadual em todos os anos da série analisada. De acordo com o boletim, verifica-se que as mulheres pretas foram as que apresentaram os maiores índices de mortalidade materna.

“Essa diferença sistemática demonstra a persistência da sobremortalidade materna entre mulheres negras, e reforça a importância da análise desagregada por raça/cor e entre as mulheres negras para evidenciar as desvantagens por “gradiente”, isto é, quanto mais escura a cor da pele e os traços fenotípicos mais marcados, piores são os desfechos de acesso ao cuidado e a qualidade do atendimento recebido”.

Mulheres indígenas

No caso das mulheres indígenas, os pesquisadores consideram a situação igualmente preocupante. Embora os dados apresentem variações e, em alguns anos, apareçam como zero, essa inconsistência pode estar relacionada à subnotificação e à limitação das condições de acesso aos cuidados de saúde.

Essa realidade ocorre especialmente em áreas rurais, remotas e de difícil acesso. Nestes locais se concentram grande parte das comunidades indígenas.

“A média da RMM entre indígenas no período foi de 61,21, também superior à média
estadual em todos os anos com dados registrados. Isso evidencia a vulnerabilidade desse
grupo, que pode estar sendo agravada por barreiras territoriais, étnico-raciais, culturais
e institucionais de acesso aos serviços de saúde”.

Mulheres migrantes

Entre 2020 e 2023, foram registrados 10 óbitos maternos entre mulheres migrantes internacionais. Os pesquisadores consideram o índice, também quando analisado proporcionalmente, alarmante. Isso porque, em 2023 por exemplo, ele é mais de seis vezes superior ao RMM geral do Estado. Em todo o período analisado, este número é o triplo da média.

Outros dados

Números gerais

O documento mostra que, em 2023, ocorreram 41 mortes maternas no Estado, a segunda menor razão de mortalidade (RMM) do país, ou seja, para cada 100 mil bebês nascidos vivos, ocorreram 33,95 mortes. O índice só é maior que o de Santa Catarina (33,1). As principais causas diretas de mortalidade foram hemorragias e transtornos hipertensivos (pré-eclâmpsia e eclâmpsia).

Mortalidade infantil

A taxa de mortalidade infantil em 2023 foi de 9,68 a cada mil nascimentos, sendo que 55,5% das mortes tiveram causas originadas no período perinatal, período que vai da 22ª semana de gestação ao sétimo dia após o nascimento.

Foram registrados 233 óbitos evitáveis causados por fatores maternos e por complicações na gravidez, no trabalho de parto e no parto. Outra causa recorrente foi a septicemia bacteriana do recém-nascido. O restante dos casos se deve a condições de saúde dos bebês no período perinatal.

Raça e cor

Em 2023, ocorreram 1.171 óbitos infantis, dos quais 982 foram de crianças declaradas brancas (83,9% dos casos). Em seguida, aparecem 95 óbitos das declaradas pardas (8,11%) e 54 das declaradas pretas (4,61%). As mortes de bebês indígenas chegaram a 16 (1,4%), oito a menos que em 2022.