CRISE NO ORIENTE MÉDIO

Israel bombardeia o Irã e eleva risco de guerra no Oriente Médio

Mais de 200 aviões atingiram bases militares iranianas e mataram líderes da Guarda Revolucionária.

Crédito: reprodução de TV / TV iraniana
Crédito: reprodução de TV / TV iraniana

Israel lançou uma ofensiva aérea de larga escala contra o Irã na madrugada desta sexta-feira (13). A ação elevou o temor global de um conflito regional de grandes proporções no Oriente Médio, que já contabiliza mais de 50 mil mortos na Faixa de Gaza.

De acordo com o governo de Tel Aviv, o ataque mirou instalações militares e nucleares iranianas, incluindo a usina de Natanz, considerada central para o programa atômico da República Islâmica. As IDF (Forças de Defesa de Israel) afirmaram que mais de 200 aviões de combate foram utilizados na operação, que resultou na morte de Hossein Salami, comandante da Guarda Revolucionária, e de Mohammad Bagheri, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas. Pelo menos seis cientistas nucleares também morreram, e outras 90 pessoas ficaram feridas.

O premiê israelense Benjamin Netanyahu classificou o bombardeio como “um golpe inicial muito bem-sucedido” e indicou que novas ações estão previstas. Segundo ele, os ataques são uma resposta ao avanço do Irã em seu enriquecimento de urânio, que Israel alega ter fins bélicos. Teerã, por sua vez, reitera que o programa nuclear tem caráter pacífico.

Reações e ameaça de retaliação

O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, prometeu uma “dura punição” a Israel, afirmando que o país “procurou um destino amargo e doloroso”. O Ministério das Relações Exteriores iraniano denunciou os bombardeios como uma “clara agressão à soberania nacional” e atribuiu cumplicidade aos Estados Unidos, principais aliados do governo israelense.

O Irã já respondeu militarmente, lançando mais de 100 drones contra alvos israelenses. Todos foram interceptados pelas defesas aéreas, segundo Tel Aviv. A Força Aérea Iraniana disse estar “plenamente preparada para anos de combates contínuos”.

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, declarou que o Irã “está mais próximo do que nunca de obter material para 15 bombas nucleares”. Já o chefe do Estado-Maior de Israel, Eyal Zamir, afirmou que o país chegou a um “ponto de não retorno”.

Condenação internacional e monitoramento nuclear

A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) confirmou danos à usina de Natanz, mas não detectou vazamento de radiação. O diretor-geral Rafael Grossi condenou a ação: “Plantas nucleares jamais podem ser atacadas, sob nenhuma circunstância”.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu contenção imediata e lembrou que os Estados-membros devem obedecer ao direito internacional. O Irã solicitou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

EUA negam participação

Apesar da proximidade com Israel, os Estados Unidos negaram envolvimento na ofensiva. Mesmo assim, o ex-presidente Donald Trump comentou o ataque, pressionando Teerã a aceitar um acordo nuclear. “Agora estão todos mortos. É hora de parar esse massacre antes que não sobre nada”, escreveu nas redes sociais.

Uma nova rodada de negociações entre Washington e Teerã está prevista para domingo (15), em Omã. O clima, no entanto, é de alta tensão.