EM SEBERI

Frigorífico é parcialmente interditado por vazamento de amônia e riscos a trabalhadores

Força-tarefa encontrou irregularidades consideradas graves. Empresa assinou TAC emergencial com o MPT-RS.

Crédito: MPT-RS
Crédito: MPT-RS

A Força-Tarefa dos Frigoríficos do Rio Grande do Sul interditou parte das operações da unidade da JBS/Seara em Seberi, no Noroeste, após detectar graves riscos à saúde dos trabalhadores e vazamento de amônia. A ação ocorreu entre os dias 2 e 6 de junho e envolveu equipes do MPT-RS (Ministério Público do Trabalho), do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) e de órgãos de saúde e engenharia.

Durante a inspeção, foi constatado vazamento de amônia de 17,5 ppm, o que levou à assinatura de um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) emergencial com o MPT-RS. O documento obriga a empresa a implementar melhorias no sistema de detecção e contenção de vazamentos, treinamento de equipes, auditorias mensais e revisão de protocolos de segurança.

A planta emprega cerca de 2 mil trabalhadores e realiza o abate de 5,6 mil suínos por dia.

Interdições

Diante do cenário de risco iminente à integridade dos trabalhadores, o MTE determinou a paralisação de atividades nos seguintes setores:

  • Todos os setores de miúdos, incluindo desossa, toalete, refile, cozimento e embalagens
  • Manuseio manual de cargas acima ou abaixo dos limites ergonômicos em qualquer setor da planta
  • Remoção de banha com ferramenta inadequada, exigindo posturas prejudiciais à coluna vertebral

Irregularidades encontradas

Durante a ação, a força-tarefa identificou 3.573 casos de subnotificação de acidentes de trabalho, incluindo 41 reconhecidos pela Previdência e 83 investigados pela própria empresa sem emissão de CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho).

Também foram observadas:

  • Sobrecarregamento muscular e ritmo intenso de trabalho nos setores de abate, desossa e miúdos
  • Movimentação manual excessiva de cargas sem fluxo produtivo definido
  • Gestantes em áreas de alto ruído, incluindo mulheres no oitavo mês de gestação

Problemas no setor médico da empresa

A equipe também encontrou irregularidades no SESMT (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho), incluindo:

  • Ausência de registro formal, regularizado apenas durante a inspeção
  • Desvio de função do médico do trabalho, que não fazia gestão de saúde, apenas analisava atestados
  • Exigência de comparecimento presencial para aceitação de atestados com três dias ou mais
  • Falta de análises estatísticas e epidemiológicas sobre acidentes e adoecimentos
  • Avaliações ergonômicas feitas com metodologia inadequada, sem considerar a realidade dos postos de trabalho.

A JBS, responsável pelo frigorífico parcialmente, ainda não se manifestou sobre a fiscalização. O espaço para contra-ponto está aberto.