SUA SAÚDE

Entre o respeito e o cuidado: a verdade que ninguém te conta sobre gordofobia e saúde

Transformar a saúde, o corpo e a relação com a comida não é sobre punição. É sobre cuidado real, sobre acolhimento e sobre escolher fazer algo por si mesma.

Nutricionista medindo a cintura de uma mulher com fita métrica em uma clínica.
Nutricionista medindo a cintura de uma mulher com fita métrica em uma clínica. Crédito: Freepik

Falar sobre gordofobia ainda é urgente – e precisa ser feito com muito mais verdade do que costumeiramente vemos por aí.

Eu já estive do outro lado. Sei na pele como é difícil viver em um corpo que não se sente aceito, como é doloroso enfrentar olhares atravessados, piadas disfarçadas e conselhos não solicitados sobre o seu peso, como se ele resumisse quem você é. Essa violência silenciosa — ou às vezes bem explícita — tem um nome: gordofobia. E ela machuca. Não só emocionalmente, mas também na relação que criamos com a comida, com o espelho e, principalmente, com nós mesmos.

Mas é aqui que eu preciso fazer uma pausa importante: reconhecer o sofrimento causado pela gordofobia não significa romantizar a obesidade. A obesidade é uma doença crônica, complexa, multifatorial, que merece ser tratada com a seriedade e o respeito que qualquer outra doença merece — e não com julgamento, culpa ou vergonha.

O que eu vejo todos os dias no consultório são pessoas incríveis, com histórias profundas e jornadas de luta, que carregam um peso muito maior do que o da balança: o peso da culpa, da comparação e da autossabotagem. Mulheres que acham que para mudar precisam primeiro se odiar. E isso não poderia estar mais longe da verdade.

Transformar a saúde, o corpo e a relação com a comida não é sobre punição.

É sobre cuidado real, sobre acolhimento e sobre escolher, todos os dias, fazer algo por si mesma — não porque odeia o corpo que tem, mas porque ama a vida que quer viver.

A mudança verdadeira não nasce do medo — nasce do respeito.

Respeitar seu corpo hoje, do jeito que ele está, é o primeiro passo para dar a ele o que ele merece: saúde, energia, vitalidade e bem-estar.

E um ponto muito importante: a gordofobia não torna ninguém mais propenso a emagrecer. Se você quer realmente ajudar alguém, não julgue. 

Não comente sobre o corpo alheio — nem para dizer que emagreceu, nem para dizer que engordou. Não ofereça “dicas” não solicitadas. E não associe o valor de uma pessoa ao seu peso. Ofereça apoio e, principalmente, respeito.

E se você for vítima de gordofobia, inclusive dentro de consultórios e espaços de saúde, não se cale. O cuidado precisa vir junto do respeito — sempre.

É por isso que, no meu trabalho, a promessa é clara: Te ajudo a conquistar um corpo em que você se sinta você — leve, real e com saúde. Sem perfeccionismo, sem terrorismo alimentar, sem reforçar padrões, muitas vezes, inalcançáveis.

O que o tempo me ensinou é que a jornada vale mais do que a comparação.
Você não precisa ser perfeita para começar. Você só precisa se cuidar com a mesma compaixão que ofereceria a quem você ama.

Porque, no final das contas, saúde é liberdade. E todo mundo merece viver sua melhor versão — com dignidade, com verdade e com esperança.

Nos vemos na próxima semana, com mais reflexões que importam (de verdade).