VATICANO

Entenda o que é o conclave, eleição que vai eleger novo papa após a morte de Francisco

Cardeais com menos de 80 anos se reúnem na Capela Sistina para eleger o próximo líder da Igreja Católica

Crédito: Vatican Media / reprodução de vídeo
Crédito: Vatican Media / reprodução de vídeo

O Vaticano se prepara para viver mais um momento histórico: a escolha do novo papa. A decisão ocorre após a morte de Francisco, que faleceu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos.

A eleição de um novo pontífice ocorrerá nove dias do funeral. A assembleia reúne os cardeais da Igreja Católica com menos de 80 anos, na Capela Sistina, no coração da Santa Sé.

A eleição não tem candidatos oficiais. Cada cardeal pode votar em quem quiser, desde que o escolhido seja um homem batizado e celibatário. Contudo, na prática, todos os pontífices das últimas décadas foram escolhidos entre os próprios cardeais. A última exceção ocorreu em 1378, quando Urbano VI foi eleito sendo ainda arcebispo.

A eleição ocorre por voto secreto e escrita manualmente em cédulas de papel. Os votos são depositados em uma urna e, para que haja um vencedor, o escolhido precisa obter dois terços dos votos dos cardeais presentes.

Conclave sem prazo para terminar e sob forte sigilo

Diferente de uma eleição comum, o conclave não possui um prazo definido para sua conclusão. As votações ocorrem em rodadas. Se nenhum nome atinge os dois terços necessários, as cédulas são queimadas, gerando fumaça preta. Se o novo papa for eleito, a fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina será branca.

Esse sinal visual é acompanhado, do lado de fora, pela tradicional proclamação em latim: “Habemus Papam”. Ou seja, “temos um papa”. O cardeal protodiácono então anuncia o nome civil do eleito e o nome pontifício que ele escolheu para seu pontificado.

A tradição de sigilo permanece rígida: os cardeais juram manter silêncio absoluto sobre tudo o que acontece dentro da Capela Sistina. Essa regra histórica visa proteger a independência da Igreja diante de pressões externas.

Composição do colégio de eleitores é mais diversa neste conclave

O próximo conclave terá uma característica inédita: a diversidade de nacionalidades entre os cardeais eleitores. Durante seu papado, Francisco nomeou 131 cardeais, sendo a maioria de países da África, Ásia e América Latina. A presença europeia, que antes era dominante, foi consideravelmente reduzida.

Esse perfil pode indicar que o novo pontífice terá uma visão mais próxima à do papa Francisco — voltada à justiça social, aos mais pobres e à defesa de uma Igreja “em saída”, como ele costumava dizer. Especialistas não descartam a eleição de um papa de fora da Europa, algo que só ocorreu uma vez nos últimos mil anos, com o próprio Francisco, argentino.

História do conclave revela mudanças e resistência

O atual modelo de eleição papal começou a se consolidar no século 13, após um episódio que se arrastou por mais de dois anos. Após a morte de Clemente IV, em 1268, os cardeais demoraram tanto para escolher um sucessor que ficaram, literalmente, trancados em uma sala, com refeições à base de pão e água. Foi assim que surgiu o nome “conclave”, que significa “com chave” em latim.

Ao longo dos séculos, a Igreja aprimorou os ritos, especialmente no século 20, quando passou a se blindar de interferências políticas. Até 1903, reis católicos podiam vetar nomes ao papado — o que ocorreu pela última vez quando a Áustria impediu a eleição do cardeal Rampolla.

Hoje, mesmo com a evolução tecnológica e o acesso global à informação, o conclave continua sendo uma das cerimônias mais misteriosas e simbólicas do mundo religioso, combinando tradição, fé e estratégia.