Cotidiano

Ponte de Pedra manterá suas características originais, garante Prefeitura

O arquiteto Luiz Antonio Bolcato Custódio, coordenador da Memória Cultural da Secretaria da Cultura de Porto Alegre, garante que a Ponte de Pedra manterá seu aspecto original ao término do restauro que está sendo feito “de acordo com o que dizem as cartas internacionais, usando as técnicas contemporâneas e a as antigas no que couber”. Atualmente, o leito superior da ponte localizada no Largo dos Açorianos exibe o contrapiso com a camada de hidrofugante que receberá as pedras originais que foram retiradas para a necessária impermeabilização.

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O coordenador da Memória Cultural da SMC esclarece a polêmica gerada por publicação em rede social que apontava a aparência do piso como mudança no equipamento histórico, o que não procede. “Num restauro, tratamos de três elementos: o tempo, a matéria e a imagem. No caso da Ponte de Pedra, teremos uma obra com grande parte da época do século 19 que são os arcos, as pedras e os pisos, e outra parte do seculo 21, que envolve reboco, impermeabilizante e a iluminação. Teremos interferência na matéria, porque a original permanece, mas a nova agrega para recompor, buscando recuperar a imagem e a imagem não é a imagem do século 19, porque a fonte, ao longo do tempo, sofreu interferências que não nos cabe remover, como os parapeitos e parte da murada que foram ampliados”, explica Custódio.
A base da Ponte de Porto Alegre sobre o Arroio Dilúvio foi construída com uma camada de pedra e, na parte superior, com tijolos, tanto nos arcos quanto nas abóbodas. Depois foi feito o desvio e a retificação do Arroio dos Açorianos, incluindo o monumento aos povoadores portugueses e o lago sob a ponte. “Só que este lago terminou ficando mais de 1 metro acima do nível do antigo leito do Dilúvio”, lembra Custódio. Com este erro, a água ultrapassou o embasamento de pedra e atingiu meio metro da parte dos arcos de tijolos que não poderiam receber água constantemente, o que levou a uma degradação do equipamento. O restauro atual resulta de análise e diagnóstico que levaram à drenagem do leito do lago para acesso ao embasamento feito em arenito. A constatação de que o nível da água deveria ficar abaixo dos tijolos levou a Smam a fazer um projeto de reestruturação total, alcançando um nova obra de urbanização.
O reboco da ponte foi retirado para análise de composição do material, seguindo-se a raspagem (escarificação) das paredes e juntas a fim de que, ao se refazer o reboco à base de cal com a mesma composição original, se obtivesse uma aderência maior. A reposição do leito da ponte teve, ao longo de várias intervenções, o acréscimo até de paralelepípedos que foram unidos às pedras irregulares da estrutura original concluída em 1854. “No retirar o material, para renivelar o terreno, se viu que havia tido infiltração e que era preciso impermeabilizar a parte superior da ponte antes de recolocar as pedras”, esclarece Custódio. Aos que reclamam do reboco sobre o tijolo aparente, aspecto considerado mais bonito, Custódio responde que “o tijolo  original não foi feito para estar aparante porque perde a durabilidade, precisando do reboco como protetivo.”
O Rio Grande do Sul totaliza três pontes de pedra semelhantes. A de Mostardas, que era toda em arenito e caiu durante enchente da década de 1970 e era tombada pelo Estado, a de Ivoti e que era chamada Ponte do Imperador, toda em arenito e que foi recuperada pelo patrimônio federal, e a de Porto Alegre.