EXAME DE CONSCIÊNCIA

Confira os benefícios terapêuticos do hábito de escrever

Pesquisadores constataram melhoras no humor e em sintomas como estresse e depressão a partir da prática da escrita. Estudo é da UFSC

Imagem: congerdesign/Pixabay/ Divulgação
Imagem: congerdesign/Pixabay/ Divulgação

Atualmente, o tema da saúde mental ganhou de vez as redes sociais, quebrando antigos tabus que davam conta de que tratar das emoções era algo supérfluo. Entre diversas escolas da psicologia e mesmo de outras áreas da saúde orgânica, se multiplicam orientações quanto a quais os melhores hábitos para se adotar visando um maior bem-estar mental.

Dessa forma, uma destas atitudes, tão antiga quanto a própria civilização, aparece como uma alternativa para quem busca conhecer melhor seus próprios sentimentos. Trata-se do simples ato de escrever, de realizar o ancestral ato de examinar a própria consciência a partir da palavra no papel, ou, de forma mais atualizada, das telas do celular ou do computador.

Quem aponta esses benefícios são os pesquisadores Idonézia Collodel Benetti e Walter Ferreira de Oliveira, da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Em seu estudo, eles partiram da percepção de que a prática da escrita produzia nas pessoas a catarse, um efeito psicológico oriundo da superação dos conflitos emocionais a partir da própria expressão destes sentimentos.

“As emoções provocadas por conflitos e traumas não resolvidos, se não forem descarregadas através da expressão, permanecerão presas no corpo, ocasionando diversos problemas. Se as emoções forem liberadas através da expressão, sua força será dissipada, os sintomas atrelados poderão ser aliviados ou mesmo desaparecer, e impactos nocivos sobre a saúde poderão ser controlados ou neutralizados”, diz o estudo.

Assim, os pesquisadores perceberam a melhora através de uma aplicação prática na clínica. Eles convidaram os participantes a escrever por 15 a 30 minutos, de três a cinco dias consecutivos. O assunto deveria ser traumas específicos ou eventos emocionalmente significativos.

O resultado aponta que o ato de escrever, independente da qualidade da escrita, parece ter o potencial de prover benefícios físicos e mentais. Entre eles melhorias em longo prazo no humor, nos níveis de estresse e em sintomas depressivos. E, além disso, notou-se que muitas vezes expressões negativas têm poder maior de cura do que palavras propriamente positivas.

“A técnica é, antes de tudo, uma maneira de tornar oportuna a expressão silenciosa, mas significativa, para o que não tem sido, ou não pode ser, falado em voz alta – uma alternativa a não perecer sufocado”, salientam os pesquisadores.

Tratamento pode não servir para todos

Os pesquisadores da UFSC destacam, contudo, que a escrita expressiva não é necessariamente útil para todos. Para alguns, escrever sobre seus piores traumas faz aumentar a ansiedade e provoca outros sintomas desagradáveis.

Os pesquisadores consideram a questão um dilema constante no processo de tratamento. Cabe ao condutor da terapia a decisão de levar adiante o processo, mesmo sob a
pressão destes sintomas, ou de suspendê-lo devido a sua intensidade.

Confira a íntegra do estudo da UFSC