No dia 15 de novembro, a Ospa (Orquestra Sinfônica de Porto Alegre), fundação vinculada à Sedac (Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul), apresenta o concerto Mestres do Barroco. Sob a batuta do maestro Luis Otavio Santos, um dos maiores nomes da Música Antiga, e com solo do renomado cravista Fernando Cordella. Assim, a apresentação será às 20h, no Complexo Cultural Casa da Ospa, com ingressos à venda pelo Sympla, entre R$ 10 e R$ 50.
O maestro Luis Otavio Santos retorna à Ospa depois de mais de 10 anos. Seu último concerto com a orquestra foi em 2012, quando regeu uma apresentação na Igreja das Dores. Santos tem reconhecimento internacional e, além disso, propõe abordagem que valoriza a autenticidade e o estilo histórico do período barroco.
“Busco uma interpretação mais revisada, mais reflexiva e reconsiderada da música Barroca, que é normalmente interpretada de uma forma mais anacrônica”, comenta o regente, que há 35 anos se dedica ao estudo da época.
Repertório
Dessa forma, para o programa da noite, o maestro selecionou obras emblemáticas que representam o dualismo entre o estilo barroco italiano e o francês. “Escolhi o repertório especialmente para desafiar as posturas tradicionais e trazer uma nova perspectiva ao público”, explica.
A noite começa com uma seleção da suíte de Les Indes Galantes, do compositor francês Jean-Philippe Rameau, uma obra pouco tocada por orquestras, segundo Santos. Em seguida, o público poderá ouvir o Concerto Grosso de Arcangelo Corelli, um dos pioneiros do gênero, conhecido pela sua influência na música europeia. “A vida musical de toda a Europa mudou com Corelli”, destaca o maestro.
O concerto na Ospa segue com uma das obras-primas de Johann Sebastian Bach. O Concerto para Cravo em Ré menor BWV 1052, interpretado por Fernando Cordella. “Essa obra é fundamental na evolução dos concertos para teclados”, comenta o cravista, que vê a peça, em conjunto com Brandenburg nº 5, também de Bach, como os marcos iniciais para concertos para teclados.
O músico explica que apesar de muitos a tocarem no piano, a peça foi composta para um cravo. Cordella destaca ainda a parceria com Luis Otavio como uma oportunidade especial. O maestro, por fim, complementa, “Tenho muito prazer em dividir essa obra-prima com ele”.
Encerramento
O programa se encerra com a Sinfonia em Ré maior H. 651, de Carl Philipp Emanuel Bach, uma peça que marca a transição do barroco ao classicismo, com contrastes fortes e orquestração inovadora. “É um estilo que na época era chamado de “tempestade ímpeto”, uma música com muito contraste e extravagância e uma orquestração inovadora”, explica o regente.
Antes do concerto, às 19h, o público poderá assistir à palestra “Notas em Concerto”, com o pianista Max Uriarte. Dessa forma, a apresentação será realizada na Sala de Recitais e transmitida ao vivo pelo YouTube, abordando as escolhas do repertório e a trajetória dos compositores.
Sobre Luis Otavio Santos (regente)
Luis Otavio Santos é um dos principais nomes da música barroca no Brasil e internacionalmente. Formado no Conservatório Real de Haia, Holanda, estudou violino barroco com Sigiswald Kuijken, concluindo Bacharelado e Mestrado em 1996.
Além disso, é Doutor em música pela Unicamp. Assim, durante 17 anos na Europa, liderou grupos renomados de música antiga, como La Petite Bande e Le Concert Français, e realizou turnês e gravações internacionais.
Foi professor na Scuola di Musica de Fiesole e no Conservatório Real de Bruxelas. No Brasil, dirigiu por 15 anos o Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora e fundou o Núcleo de Música Antiga da EMESP, onde leciona.
Recebeu, por fim, o prêmio Diapason d’Or em 2006 e o título de comendador da Ordem do Mérito Cultural em 2007, por sua contribuição à cultura nacional. Atua também como maestro convidado em importantes orquestras brasileiras, como OSESP e Petrobras Sinfônica.
Sobre Fernando Cordella (solista – cravo)
Considerado um dos principais cravistas de sua geração na América Latina, recebeu o prêmio TOYP JCI como a figura mais expressiva no Brasil em 2015, na categoria “Êxito Cultural”, e em 2011, o Prêmio Açorianos de melhor intérprete pelo disco “CRAVOS – de Frescobaldi a Mozart”.
É coordenador da Oficina de Música Barroca e da classe de Cravo da Escola Municipal de Música de São Paulo e diretor artístico da Sociedade Bach Brasil. Tem atuado como solista e maestro convidado nas principais orquestras do Brasil e exterior, em projetos com Nathalie Stutzmann, Luis Otavio Santos, Peter van Heyghen, Olivia Centurioni, Romain Garrioud, Bart Naessens, Rodolfo Richter, entre outros.
Pianista de formação, teve sua orientação com Dirce Knijnik e, mais tarde, na Universidade Federal do Rio Grande Sul com André Loss. No cravo, Nicolau de Figueiredo foi o seu principal mestre.