A Polícia Civil deflagrou uma nova fase da Operação Illusio para desarticular uma quadrilha que estava aplicando o “golpe do bilhete premiado”. Uma idosa, que trabalha como costureira, perdeu R$ 172 mil por causa da quadrilha.
Conforme a delegada Luciane Bertoletti, a investigação teve início após o crime, ocorrido no início do ano. De acordo com a investigação, os criminosos pulverizaram os R$ 172 mil da idosa entre os integrantes da quadrilha.
A maior parte do dinheiro foi usado para compra de dólares em espécie em diferentes casas de câmbio. Conforme a delegada, os criminosos utilizam o dinheiro das vítimas para trocar por moeda estrangeira.
Um dos alvos na ação de hoje teve a terceira prisão pelo mesmo golpe. Na primeira prisão, ele estava com 10 mil dólares e na segunda vez com cinco mil dólares.
Outro fator que chamou a atenção da polícia, é que os criminosos mantiveram contato via telefone com a vítima nos dias subsequentes ao crime. O intuito era manter continuar extorquindo a vítima, com novas transferências de valores para contas indicadas pelos golpistas. A vítima só percebeu que estava sendo enganada semanas depois do crime.
Na ação desta terça-feira, oito pessoas receberam voz de prisão até o momento. Ao todo, a Justiça deferiu trinta e quatro medidas cautelares.
As ordens judiciais, entre mandados de prisões temporárias e de busca e apreensão ocorrem em Cachoeirinha, Gravataí e Sapucaia do Sul. Durante a ação, também houve bloqueio das contas bancárias e sequestro de bens móveis utilizados pelos criminosos. Dinheiro, duas motos e um carro estão com a polícia.
Como é o golpe do bilhete premiado
No golpe do bilhete premiado os criminosos estão em grupos de três ou quatro elementos, agindo de forma presencial. Eles se aproximam das vítimas, em ruas públicas, muitas vezes naquelas de pouco movimento.
Durante a abordagem, um dos acusados fingia ser cidadão humilde, do interior, simulando ser analfabeto. Partindo desta encenação, o criminoso pedia informações da vítima, dando endereço falso e portando um bilhete. Na sequência, um segundo golpista, bem vestido e articulado, passava a dialogar com a pessoa humilde se colocando à disposição para ajudar.
Esse segundo criminoso oferecia ajuda ao detentor da suposta cédula, entrando em contato com um terceiro integrante do grupo de golpistas, que se passava por gerente da Caixa Econômica Federal e, diante da vítima, confirmava que os números constantes no bilhete portado pelo primeiro indivíduo eram sorteados.
Após isso, o terceiro comparsa passava as orientações para retirada do prêmio. Depois, o golpista que se passa por humilde promete dar à vítima e ao comparsa parte do prêmio. Dessa forma, eles convencem a vítima entravam em um carro, momento em que solicitam uma “garantia” para pagamento do tal bilhete premiado.
Em algumas situações, a própria vítima repassa os valores para a conta de um dos criminosos, responsável pelo recebimento do suposto prêmio. Assim, sacava os valores ou entregava aos criminosos o cartão bancário e senha, para que eles mesmos o fizessem.
Feito o repasse do dinheiro, os golpistas associados despistavam a vítima, pedindo-lhe, por exemplo, para que descesse do carro ou para que comprasse uma bebida em algum estabelecimento e, logo depois, fugiam do local. Para a vítima do golpe só sobrava o prejuízo financeiro.