Conselho de Ética aprova relatório que pede a cassação de Cunha

O texto deveria ter sido discutido na semana passada, mas a votação foi adiada para evitar a absolvição do peemedebista.

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (14) o parecer que sugere a cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), entregue há duas semanas (31). De autoria de Marcos Rogério (DEM-RO), o parecer argumenta que Cunha mentiu à CPI da Petrobras quando, em 2015, negou ter “qualquer tipo de conta” no exterior.
O texto deveria ter sido discutido na semana passada, mas a votação foi adiada para evitar a absolvição do peemedebista. Hoje, finalmente, o relatório foi votado. Por 11 votos a 9 e após muito bate-boca, o colegiado corroborou com o relatório.
Cunha só perderá o mandato, no entanto, caso o plenário da Câmara confirme o parecer do Conselho com o voto de pelo menos 257 dos seus 512 colegas. A votação é aberta e ainda não tem data para ser realizada.
O voto decisivo foi dado pela deputada Tia Eron (PRB-BA), que sofreu intensa pressão nos últimos dias, faltou à sessão de votação na semana passada e era considerada pelos aliados de Cunha como apoio certo para salvar o mandato do peemedebista.
Segundo o relator, Cunha é o dono de pelo menos quatro contas nna Suíça: Köpek; Triumph SP, Orion SP e Netherton. Ao pedir a cassação de Cunha, Rogério disse que as contas são verdadeiros “laranjas de luxo”.

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“Estamos diante do maior escândalo que este colegiado já julgou, não se trata apenas de omissão, de mentira, mas de uma trama para mascarar a evasão de divisas, a fraude fiscal”, disse Rogério. “Estamos diante de uma fraude, de uma simulação de empresas de papel, de laranjas de luxo criadas para esconder a existência de contas no exterior”, acrescentou.

8 meses de enrolação e manobras

O processo de Cunha no Conselho de Ética é considerado o mais longo no colegiado e foi marcado por inúmeras manobras que protelaram a decisão dessa terça-feira. A representação contra Cunha foi entregue pelo PSOL e Rede à Mesa Diretora da Câmara, no dia 13 de outubro de 2015.
A Mesa, comandada por Cunha, levou o prazo máximo de 14 dias para realizar a tarefa de numerar a representação e enviá-la ao Conselho de Ética, o que retardou o início dos trabalhos do colegiado. O processo só foi instaurado quase um mês depois da representação, em 3 de novembro de 2015.