FIM DO REGIME MADURO?

Venezuela vai às urnas para escolher presidente neste domingo

Pleito pode acabar com o regime liderado por Nicolás Maduro, 61, que busca um terceiro mandato.

Crédito: reprodução / TV Globo
Crédito: reprodução / TV Globo

O domingo (28) é dia de eleições para presidente da Venezuela. O país vive um cenário de esperança e medo em uma eleição presidencial. Se a votação for livre e justa, o pleito pode acabar com o regime, hoje liderado por Nicolás Maduro, 61, que busca um terceiro mandato.

Pesquisas de opinião sugerem que Maduro pode ser derrotado pelo candidato da coalizão de oposição, o diplomata aposentado Edmundo González Urrutia, 74. Mas especialistas alertam que uma coisa é González ganhar mais votos e outra é ele ser anunciado como vencedor. O CNE (Conselho Nacional Eleitoral) está alinhado ao governo de Maduro.

Observadores independentes descrevem esta eleição como a mais arbitrária dos últimos anos, mesmo para os padrões de um regime autoritário iniciado com o antecessor de Maduro, Hugo Chávez (1999-2013). Maduro está no poder desde a morte de seu mentor. Ele foi eleito por uma margem estreita naquele ano. Sua reeleição em 2018, no entanto, é considerada uma farsa.

As irregularidades nas eleições deste ano são muitas. Vão desde a proibição de candidaturas e detenção de membros da oposição, até a mudança de locais de votação e a proibição de registro de eleitores no país e no exterior. Segundo a ONG Foro Penal, 102 membros da oposição acabaram presos em 2024.

A figura mais proeminente da coalizão de oposição, a ex-deputada María Corina Machado, 56, venceu as primárias em outubro com mais de 90% dos 2,3 milhões de votos. Mas ela foi impedida de concorrer por um tribunal leal a Maduro.

A mesma coisa aconteceu com sua substituta, a acadêmica Corina Yoris. Em poucos dias, a coalizão escolheu um terceiro candidato. O diplomata aposentado de fala mansa González Urrutia acabou se tornando o candidato da oposição no país.

Restrição a Observadores Internacionais

Outro ponto de questionamento é a restrição a observadores internacionais. Pessoas ligadas à ONU (Organização das Nações Unidas) e do Carter Center tiveram permissão de trabalhar no país, mas seus papéis serão limitados. Outros, como o ex-presidente da Argentina, Alberto Fernández, foram desconvidados.

Outra maneira de tentar permanecer no poder encontrada pelo grupo político de Maduro é desbalancear o jogo político. Dos quase 22 milhões de venezuelanos registrados para votar, apenas 17 milhões estão habilitados. Uma fração dos 8 milhões que fugiram do país desde 2014 terão voz ativa nas eleições.

Para piorar, as fronteiras do país foram fechadas para impedir o regresso temporário dos eleitores para a votação. Além disso, sessões eleitorais tiveram trocas de locais de votação. Em alguns casos, o ponto de voto ficou em outro estado venezuelano.

Ativistas da oposição argumentam que essas manobras fazem parte de uma estratégia para suprimir votos em González, que pesquisas independentes mostram uma vantagem de pelo menos 20 pontos percentuais sobre Maduro.

As cédulas de votação exibirão a imagem de Maduro 13 vezes, refletindo o número de partidos que ele representa. A foto de González aparecerá apenas três vezes, outra tática para enganar os eleitores, diz a oposição.