AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Justiça proíbe Estapar de cobrar tarifas ou reter veículos no Salgado Filho

Pedidos de indenização serão analisados posteriormente. Estapar alegava que não arcaria com danos por estar amparada na lei brasileira

A Justiça gaúcha determinou, nesta quarta-feira (5), que a Estapar, empresa que administra os estacionamentos do Aeroporto Salgado Filho, não poderá cobrar, no momento, tarifas de consumidores que tinham carros estacionados em suas dependências desde 29 de abril. A decisão atende parcialmente pedido da DPE (Defensoria Pública do Estado).

A Juíza de Direito Nara Cristina Neumann Cano Saraiva, da 16ª Vara Cível do Foro Central da Comarca de Porto Alegre, disse que além de não cobrar tarifa, a empresa não poderá reter e não condicionar a liberação de veículos sob sua guarda ao pagamento de valores.

A empresa deverá ainda apresentar, no prazo de 15 dias, a relação dos veículos com perda total e parcialmente danificados. Além disso, no mesmo prazo, deve apresentar documentos e contratos que demonstrem a relação negocial havida com a outra ré, a Porto Seguro.

A Porto Seguro deverá juntar ao processo, também em 15 dias, todos os documentos e contratos que demonstrem a relação negocial havida com a Estapar. A Justiça fixou multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento injustificado das medidas.

Segundo a magistrada, os pedidos referentes à indenizações aos clientes será analisado após as partes apresentaram contestações.

Pedidos da Defensoria

Os pedidos liminares fazem parte da Ação Civil Pública proposta pela Defensoria Pública do Estado contra a Allpark Empreendimentos, Participações e Serviços (nome fantasia da Estapar) e contra a Porto Seguro Companhia de Seguros Gerais, que afirmou que vai indenizar os motoristas (leia mais abaixo). A DPE alega que a Estapar divulga amplamente um convênio com a seguradora.

“Não se conhece até o presente momento o conteúdo da relação contratual que envolve as requeridas, os limites dos riscos assumidos pelas mesmas em face dos ora tutelados e o contexto detalhado das condutas adotadas pelas demandadas em face do evento danoso”, destaca a Juíza Nara.

Além disso, destaca que a Estapar teria comunicado em nota que não irá indenizar os clientes afetados pela enchente sob a alegação de que a legislação brasileira vigente não atribuiria responsabilidade à companhia pelos danos sofridos nos veículos devido a desastres naturais.

“A probabilidade do direito está evidenciada na notoriedade pública dos acontecimentos narrados na inicial, que resta reforçada com os documentos anexados. Já o perigo irreparável resulta da possibilidade de dilapidação dos veículos que se encontram no estacionamento da ré”, diz a Juíza na decisão.

Remoção dos veículos

A retirada dos carros dos estacionamentos da Estapar começou na terça-feira (4), na medida em que baixou o alagamento na região do aeroporto. Mas as discussões sobre cobranças ao clientes já vinham de dias antes.

No último dia 28 de maio, a Estapar enviou e-mail a seus clientes. A mensagem dizia que não haveria ressarcimento aos proprietários prejudicados em sua área de administração, o que vale para estacionamentos como o da Avenida Severo Dullius, ao lado do Pepsi On Stage.

A Estapar alega que a lei a isenta de responsabilidade. Isso porque a inundação, em tese, não poderia ser evitada.

A empresa, disse, porém, que não cobraria tarifas de clientes que estacionaram veículos nas unidades da região desde as 20h30min de 3 de maio. Oficialmente, este é o momento em que o aeroporto interrompeu atividades.

Porto Seguro afirma que vai indenizar atingidos

A Porto Seguro afirmou, por meio de nota, que vai indenizar os motoristas que foram atingidos pelas enchentes, “incluindo os veículos segurados que estavam localizados nos estacionamentos da Estapar”. Confira abaixo a nota da empresa.

Nota à imprensa

A Porto Seguro informa que todos os sinistros veiculares decorrentes de alagamentos avisados e com apólices vigentes no Rio Grande do Sul foram e serão indenizados, incluindo os veículos segurados que estavam localizados nos estacionamentos da Estapar. A companhia esclarece que não é seguradora do espaço afetado no Aeroporto Salgado Filho. Ressalta ainda que dobrou a quantidade de prestadores na região para minimizar os efeitos da calamidade, acolhendo o povo gaúcho.