EM 51 MUNICÍPIOS

MP-RS denuncia esquema de propina para compras de máquinas agrícolas

Os crimes de organização criminosa, corrupção passiva e ativa e fraude em licitação teriam ocorrido entre os anos de 2010 e 2015.

O MP-RS (Ministério Público do RS) ofereceu à Justiça denúncias sobre fraudes em licitações praticadas em 51 municípios gaúchos. Os crimes teriam ocorrido entre os anos de 2010 e 2015. As denúncias apontam os crimes de organização criminosa, corrupção passiva e ativa e fraude em licitação.

O esquema criminoso envolvia uma empresa, com sede em Santa Catarina. O grupo empresarial oferecia, de acordo com o MP, propina a agentes públicos e políticos dos dois Estados para a compra de máquinas agrícolas.

Entre os denunciados até o momento, estão 35 ex-prefeitos, três ex-vice-prefeitos e quatro ex-secretários de municípios gaúchos. Proprietários, sócios e funcionários da empresa também são investigados.

O promotor de Justiça Manoel Antunes aponta que há mais casos sendo apurados. Novas denúncias devem ser feitas nos próximos dias pelo MP-RS, aponta.

Municípios onde teriam ocorrido as fraudes

Os municípios onde ocorreram as fraudes mencionadas nas denúncias, conforme o MP, são:

  1. Alpestre
  2. Antonio Prado
  3. Arroio do Meio
  4. Augusto Pestana
  5. Barão de Cotegipe
  6. Barra do Rio Azul
  7. Benjamin Constant do Sul
  8. Boa Vista do Cadeado
  9. Cacique Doble
  10. Caiçara
  11. Cândido Godói
  12. Capão Bonito do Sul
  13. Catuípe
  14. Encantado
  15. Erechim
  16. Esmeralda
  17. Estação
  18. Farroupilha
  19. Garruchos
  20. Gaurama
  21. Getúlio Vargas
  22. Harmonia
  23. Ijuí
  24. Ipê
  25. Ipiranga do Sul
  26. Itatiba do Sul
  27. Jaboticaba
  28. Lagoa Vermelha
  29. Lavras do Sul
  30. Machadinho
  31. Mariano Moro
  32. Nova Boa Vista
  33. Nova Ramada
  34. Paim Filho
  35. Paulo Bento
  36. Pejuçara
  37. Porto Mauá
  38. Porto Vera Cruz
  39. Putinga
  40. Rio dos Índios
  41. Rio Pardo
  42. Santa Maria
  43. São Pedro do Sul
  44. São Valentim
  45. Sete de Setembro
  46. Sinimbu
  47. Três Arroios
  48. Tupanci do Sul
  49. Viadutos
  50. Vila Flores
  51. Vista Alegre do Prata.

Origem da investigação

Os fatos ilícitos descritos na denúncia são referentes a investigações decorrentes da Operação Patrola, deflagrada pelo Ministério Público de Santa Catarina em 2016. Na ocasião, também foi apontado que havia o envolvimento de ex-prefeitos, demais agentes públicos e servidores públicos de diversos municípios do Rio Grande do Sul.

A operação catarinense desvendou complexo esquema de fraudes em processos licitatórios para aquisição de máquinas pesadas, peças e prestação de serviços de manutenção junto à empresa que tem atuação nos dois Estados.

O esquema criminoso funcionava com envolvimento dos sócios da empresa investigada, além de gerentes e vendedores. De acordo com o MP-RS, o processo tinha início em visitas que vendedores faziam a prefeituras. Eles levavam um catálogo, oportunidade em que negociavam o pagamento de vantagens indevidas para a aquisição dos equipamentos.

Conforme as investigações, para receber a propina, os editais licitatórios eram direcionados. Os certames tinham a especificação técnica dos equipamentos que constavam no catálogo da empresa. Após, ocorria o pagamento da propina ao agente público, valor que figurava nos documentos contábeis da empresa, na forma de um código, como “Frete 3”.

Colaboração premiada desvelou esquema

Os denunciados firmaram acordo de colaboração premiada com o MP-RS e com o Ministério Público de Santa Catarina em relação ao município gaúcho de Alpestre. A investigação resultou na Operação Paiol do MP-RS. Os donos da empresa investigada forneceram a identificação dos gerentes e vendedores que intermediaram cada negociação de propina, valores, datas e locais dos respectivos pagamentos, bem como a identificação dos agentes públicos envolvidos.

Os proprietários da empresa, mediante acordo judicial, se comprometeram a pagar pelos danos causados aos municípios gaúchos e catarinenses um valor superior a R$ 5 milhões em 90 parcelas. Desta forma, o MP-RS viabiliza junto à Justiça de Santa Catarina o repasse dos valores devidos no Estado.