A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira (16) a Operação Étimo, um desdobramento da Operação Lava Jato no Rio Grande do Sul. São investigados crimes de lavagem de capitais, evasão de divisas, crimes contra o sistema financeiro nacional e corrupção.
Mais de 50 policiais federais cumpriram mandados de busca e apreensão em Porto Alegre (2), Canoas (1), Glorinha (1) e em Brasília (1). Também foram autorizados pela Justiça Federal o sequestro de bens e o afastamento de sigilo dos investigados.
Os dois alvos da Étimo, que não chegaram a ser presos na ação, são Athos Albernaz Cordeiro, ex-presidente do Sicepot-RS (Sindicato da Indústria de Construção de Estradas, Pavimentações e Obras de Terraplanagem do RS). A PF cumpriu mandados de busca e apreensão em empresas ligadas a ele.
O outro investigado é o irmão de Athos, Antônio Cláudio Albernaz Cordeiro, conhecido como Toninho Cordeiro. Segundo a PF, ele seria doleiro e foi preso na 26ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Xepa. Naquela ação, que demonstrou como era a corrupção dentro da Odebrecht, Toninho foi preso por supostos pagamentos de propina a políticos que beneficiavam a construtora em contratos.
Alvos já eram investigados pela PF
Ambos já eram alvo de investigação da Polícia Federal na construção superfaturada da barragem de Taquarembó, entre Dom Pedrito e Lavras do Sul, na Campanha. A investigação sobre desvios na obra, que nunca chegou a ser concluída, causou a absolvição dos dois, mas condenou quatro construtores e secretários do governo Yeda Cruzius (2007-2010).
Toninho também é investigado por suposta participação em suborno de políticos para a realização da Expansão Novo Hamburgo, da Trensurb, e da construção da Terceira Perimetral, em Porto Alegre. Ambas obras foram feitas em parte pela Odebrecht. O investigado admitiu à Polícia Federal que repassava suborno a políticos, mas disse não saber quem eram os beneficiados pela propina da empreiteira.
A investigação de hoje
Conforme a PF (Polícia Federal), com os dados obtidos a partir de compartilhamento das informações da Operação Xepa, foi possível aprofundar as investigações. O inquérito feito por policiais federais gaúchos apura um esquema envolvendo a lavagem de dinheiro por meio de entidade associativa, a STE Engenharia (Serviços Técnicos de Engenharia), ligada a grandes empreiteiras.
A STE recebia das empreiteiras um percentual do valor de obras públicas realizadas no estado. Contratos de assessoria entre a entidade associativa e empresas de fachada eram utilizados para dar aparência de legalidade às operações financeiras de retirada de valores dessa entidade. A movimentação ilegal desses recursos, no Brasil e no exterior, sua origem e sua destinação são objeto de investigação pela Operação Étimo.
O nome da Operação é uma referência à origem das informações que possibilitaram o aprofundamento das investigações. Étimo é um termo que exprime a ideia de origem, que serve de base para uma palavra, a partir da qual se formam outras.